domingo, 18 de dezembro de 2011
A Gazeta Cidadã e a Bicicleta
Francisco Gonçalves de Oliveira*
Mesmo sendo leigo no assunto, quando discutíamos a pauta do Jornal, assumi o compromisso de escrever sobre bicicross. Não vou aventurar-me em falar, com termos técnicos, de como deve comportar-se um ciclista nessa selva de pedra onde o transporte automotor tem preferência, mas, como apreciador de um belo passeio de bicicleta, nesse sentido posso meter meu bedelho. Quando vou de bicicleta do Parque Marabá à Vila Sônia, é como se eu fosse uma criança feliz, que ganhou um presente de Papai Noel, coisa que hoje perdeu um pouco do seu mistério, mas eu me orgulho de, quando criança, ter acreditado em Papai Noel. Como era gostoso acordar e ver em baixo da cama o tão sonhado brinquedo... No Ceará eu esperava que meu brinquedo aparecesse embaixo da rede. A ansiedade era tanta que naquela noite não fazia xixi na rede!
A OCDC há muito tempo vem defendendo a criação de uma ciclovia na região do Butantã, por entender que esse poderá ser o transporte do futuro, isso quando o cidadão conscientizar-se de que o uso da bicicleta como meio de transporte lhe trará três importantes benefícios, a saber, a saúde, a economia e a preservação do meio ambiente. Pensando assim, certamente ele irá trocar o seu carro por uma bicicleta, pois em países bem mais evoluídos que o nosso já utilizam esse meio de transporte.
Contrariando especialistas, quando saio a pedalar vou pela contra mão. Aprendi em uma revista que não lembro o nome, sei apenas que era editada no Rio Grande do Sul, e que falava de como andar de bicicleta. Quando você pedala pela contra mão, segundo a revista, fica mais fácil você saber quem está à sua frente. Essa tática é boa, mas seria necessário que motoristas respeitassem os ciclistas; talvez os gaúchos sejam mais conscientes que os paulistas ou a revista fizesse referência a uma cidade pequena. Eu prefiro mesclar entre uma vaga na calçada e andar circundando a guia da calçada, recurso esse utilizado em locais onde ainda não existe uma ciclovia.
O empresário Antônio Bertolucci, de 68 anos, dono do grupo Lorenzetti, foi atropelado e morto por um ônibus quando ia para o trabalho em sua bicicleta. Sua atitude deveria servir de exemplo para que outros também trocassem suas Mercedes por uma bicicleta. Fernando Gabeira como deputado ia todos os dias à Câmara de bicicleta, para dar exemplo aos seus colegas, mas infelizmente isso não pegou. A OCDC está empenhada em defender essa ideia e para isso já estamos discutindo um passeio de bicicleta pelo Butantã. De minha parte estarei presente ao evento pedalando e contribuindo como cidadão pela qualidade de vida da nossa população.
(*) Francisco Gonçalves de Oliveira é formado em Letras.
fgdeoliveira@hotmail.com
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Pitágoras inventou a matriz?
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'' Em meados de novembro de 2011 este editor recebeu mensagem eletrônica de uma repórter da revista de educação da Editora Abril. Ela queria uma entrevista sobre tabuada, tema de uma palestra proferida na USP no mês de setembro e que chegou até ela através da internet.
'' Havia uma surpresa no episódio, uma vez que a linha da revista é claramente contrária aos propósitos de todos os que tratam a educação como coisa séria, não como espetáculo. Mas, enfim, foi dado um crédito de confiança e a entrevista foi feita, por telefone, em conversa que durou aproximadamente uma hora.
'' Como sempre, uma decisão prévia trazida pela repórter direcionou a entrevista. Tratava-se de duas informações, ou duas teses, que não poderiam ser justificadas, porque eram mentirosas. A primeira era a ideia de que havia uma tabuada matricial de Pitágoras e a segunda, que a tabuada de multiplicar deveria ser ensinada a partir da ideia de proporção.
'' Quanto à primeira 'tese', foi explicado à repórter que Pitágoras, como todo grego da época, usava letras para representar números e que uma ideia de tabela de multiplicação que ele usasse não seria algo aproveitável hoje. Para a segunda 'tese', ela foi informada de que a noção de proporção depende da ideia de razão, que por sua vez vem do conceito de fração. Usá-la para ensinar tabuada é algo tão prematuro quanto deslocado. Conhecer a tabuada e as operações de frações são pré-requisitos para a aquisição da noção de proporção. Fazer o contrário é como querer que a criança nasça antes de ser concebida.
'' Finalmente, a matéria saiu publicada no número de dezembro de 2011, como reportagem de capa. O título foi "Uma nova luz sobre a tabuada". As coisas estariam no seu leito normal não fossem duas situações lamentáveis: as 'teses' malucas foram confirmadas por pessoas desavisadas, uma delas do Estado de Rondônia, do modo como a repórter queria (não se sabe quem vendeu a ela gato por lebre), e explicações deste editor sobre uso das propriedades foram estampadas, até em balões ilustrativos, com o nome de quem deu a informação sendo sonegado ao leitor. Este segundo fato é coisa menor, ante a insistência em contar histórias mentirosas aos professores do ensino básico espalhados por todo o país.
'' Há, sim, o mito de uma tabuada usada por Pitágoras, mas qual seria essa tabela pitagórica? Ora, uma matriz, esquema que foi inventado 25 séculos depois da morte do Pai da Matemática! Como confirmar essa informação quando se tem um mínimo de conhecimento de história? Só mesmo Stanislaw Ponte Preta, ressuscitado, apresentando uma nova versão do Samba do Crioulo Doido.
'' O que foi mostrado como tabela de Pitágoras é nada mais que a tabela de dupla entrada, criada por Lewis Carrol, no século XIX, época em que a noção de matriz foi desenvolvida nos Estados Unidos por Benjamin Peirce, pai do extraordinário cientista-filósofo Charles Sanders Peirce, que traduziu em circuitos elétricos os conectivos lógicos da álgebra de Boole, propiciando a construção dos computadores binários em 1946 por John Von Neumann, passando, em 1937, pela dissertação de mestrado de Claude Shannon, que foi quem enxergou a utilidade daquela descoberta.
'' Como teria avançado a matemática e, por consequência, o mundo, se a ideia de matriz e de tabuada com algarismos tivesse sido utilizada já por Pitágoras! Matriz é uma ideia muito simples, mas a simplicidade para ser atingida custa séculos de pergaminhos, papéis, grafites e tintas. O que não tem data para começar nem para terminar é a confusão que se faz com a gênese e a evolução dos conceitos em sua história.
Cacildo Marques - editor da Gazeta Cidadã
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quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Retorno da Gazeta Cidadã
' Passados os feriados do início do mês, o exemplar pode ser adquirido nas bancas de jornais do Butantã, mais algumas de Pinheiros e também do centro da cidade de São Paulo.
' Também foi reativada a web-página da Gazeta Cidadã:
http://gazetacidada.atspace.cc/
' Para ler o número mais recente, clique:
http://gazetacidada.atspace.cc/recente.htm
Mestre confeiteiro:
http://www.mestredenoro.com.br
domingo, 30 de outubro de 2011
coca zero
Raimundo Alves da Silva
Quantos brasileiros saberiam responder a essa pergunta: Quem inventou a Caca-Zero? O futuro do nosso país passa pela valorização dos nossos talentos, em Várzea Alegre minha terra natal temos um tetra campeão brasileiro de matemática o Ricardo Oliveira e tantos outros fazendo sucesso nesse mundão a fora. O brasileiro em geral se imagina o rei do futebol e esquece outros talentos também existentes em todas as áreas do desenvolvimento humano.
A multinacional Coca-Cola levou 25 anos de pesquisa tentando desenvolver a caca-Zero, um sucesso de vendas de refrigerantes que não contem calorias, hoje o maior sucesso da empresa em 40 anos. Mas, esse sucesso todo tem tudo a ver com o Brasil, pois quem está por trás desse sucesso é um cabra da peste que vindo para são Paulo fugindo da seca torna-se o homem mais poderoso da multinacional americana. Mas, e o que o sucesso de uma das maiores multinacionais do mundo tem a ver com o pobre Brasil desperdiçar talentos? Você sabia? O pesquisador master do projeto Coca Zero, o cérebro por trás do sucesso, um cara supervalorizado e comemorado pelos súditos de Mister Bush é um tal de doctor Silva .
Só pode ser brasileiro com esse nome né? E se eu lhe disser que o primeiro nome dele é Raimundo? E nordestino, bichim! Pois é, o cara atende por doctor Raimundo Alves da Silva, nascido no sertão seco e sofrido do Ceará! Vale a pena conhecer sua incrível história que aqui resumo, de uma entrevista dele numa revista americana: a *FORBES*. A cidade natal de nosso doutor Raimundo é uma tal de Arneiroz (Arnei o que? Quem ouviu falar?). Ela fica no alto sertão cearense, conhecido lá como região dos Inhamuns, 400 km ao sudoeste da capital Fortaleza. Lugarzinho longe de tudo, um poeiral danado e de muita miséria.Quando ele nasceu, há 45 anos, Arneiroz tinha só 6 anos que havia se emancipado do município de Tauá (importantíssimo saber, um pouco de cultura pros brô!).
Não tinha quase nada em Arneiroz da civilização tecnológica. Coca-Cola só tinha em Tauá! A família Silva morava na zona rural, em um sitiozinho distante da cidade de colégio, posto de saúde e tudo o mais. Na casinha da família não havia nem luz, água encanada, piso, nem fogão! O pai de nosso gênio de cabeça chata se mandou de lá fugindo da seca para São Paulo (sempre Sampa, meu!). Somente depois de algum tempo e de arranjar emprego numa obra (depois, melhor de vida, foi porteiro) e conseguir um barraco, trouxe a mulher (com o maior barrigão, e mais cinco filhos). Raimundim, seu nome familiar, era o mais novo, o caçula. Portanto o nosso herói aqui foi um pau de arara! Quando chegou em Sampa, com seis anos, ele já era meio assim autodidata. Praticamente se alfabetizara sozinho, já que pouco conseguia ir à escola no sertão. A mãe era analfabeta e o pai quase, mas mesmo assim, naquele tempo, cuidava só da roça, da sobrevivência, não tinha tempo para ensinar os moleques barrigudinhos (de verme). 'Raimundim', 'caba da peste', teve que trabalhar e estudar ao mesmo tempo desde criança... um sacrifício danado!
Ele, na entrevista, cita agradecido ao pai, pobre, mas trabalhador e dedicado à família e que em São Paulo fez muitos sacrifícios para que nosso dedicado Raimundim estudasse e se formasse (como ele diz: 'e virasse gente') Esforçado, persistente, 'inteligente da gota' , dedicado ao extremo e adjetivos mais, ele conseguiu passar no vestibular para a Química da USP e a partir daí decolou! Após graduar-se, conquistou uma bolsa de uma ONG para pós-graduação em Campinas, depois outra para mestrado, seguida de doutorado no famoso Massachusetts Institute of Technology , nos States. Aí os gringos conheceram o 'danadim' ! Viram logo que ele era uma mina. Claro que não deixaram mais o doctor Silva voltar para a terra dos impostos altos com baixa qualidade de serviços públicos, ensino de m., saúde de b., políticos f.d.p. corruptos. Foi contratado pela Coca em Atlanta e lá fez uma ascendente e brilhante carreira. É hoje um nome tremendamente respeitado e valorizado no meio acadêmico, tecnológico e científico dos Estados Unidos. É o cara ! É uma história bonita, de sucesso e digna de exemplo a desse cearense danado da molesta! Quando beber uma Coca Zero , lembre-se que seu alquimista inventor foi um brasileiro,nascido bem pobre, fugido da seca, que venceu por esforço próprio. Sinto ser a matéria tão grande!
Valeu, ou não, saber a estória da ZERO?
Texto: O Estado - Macário Batista
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Voto Aberto Romântico
' É importante mantermos o instituto do voto aberto no Parlamento, mas não quando se trata de escolher ou condenar pessoas. Os que defendem voto aberto nessas circunstâncias acreditam, como todos os românticos, que o mundo está pronto (já que por natureza 'o homem é um animal político') e que as perseguições, tiranias e ditaduras não têm chance de voltar.
' Seguem algumas razões pelas quais o voto aberto sobre pessoas revela-se frívolo.
' A) Guilhotina. Na Revolução Francesa os assassinos mapeavam os pescoços para mandar à guilhotina através do histórico de voto aberto na Assembleia Nacional (Condorcet foi condenado - entre outros - por ter votado contra a execução de Luís XVI).
' B) Ditadura. Desde então, em situação de ditadura presente, voto aberto significa voto de todos na proposta do governo (como ocorre na China atual), pois ninguém é louco de se posicionar contra a avalanche.
' C) Tirania. Supondo que um tirano admita manter o Parlamento, ele só aceitará voto secreto se for um tiranete imbecil. O tirano propriamente dito exigirá voto aberto, para ter o controle das posições dos representantes. Se a tirania admite voto, tem de ser voto aberto.
' D) Teleguiados. O 'povo', como patrão dos servidores públicos, pode agir como alguém que vê nos representantes seus delegados ou seus teleguiados. No primeiro caso, o povo é democrático. No segundo, é tirano. Um povo tirano é algo muito mais tenebroso que um governante tirano.
' E) Liberticidas. A ideia de voto aberto, controlável à distância, é liberticida. Era assim que funcionavam os pseudodelegados do regime soviético nos tempos do 'centralismo democrático'. Os debates e os avanços nas discussões eram puro exercício de retórica, sem nenhuma consequência, porque o voto era determinado previamente pelos líderes.
' F) Violentados. No voto aberto, o parlamentar violenta sua consciência para agradar o povo tirano, ou o governante tirano. Na votação do 'impeachment' em 1992, só os que tinham tara de controlar os atos alheios divertiam-se em ver o parlamentar sem convicção própria votar contra o Presidente para satisfazer a vontade dos caras-pintadas. Logo depois, uma mentira levou à cassação do Deputado que comandou a votação que resultou nesse 'impeachment', que sob voto secreto muito provavelmente não teria acontecido. Era um bom Presidente? Não. Deveria ter sido cassado? Não. Ele foi eleito não pelos caras-pintadas, mas pela maioria dos eleitores.
' G) Conhecimento. Se os regimes democráticos têm Parlamento não é porque alguém tem de votar em propostas, simplesmente. É porque alguém tem de estudar e debater os temas políticos candentes e tem de se dedicar com mais empenho que o cidadão da sociedade civil às questões em tramitação. Se for para o parlamentar votar com o mesmo conhecimento de causa do eleitor comum, não há necessidade do Parlamento, porque o eleitor pode votar diretamente, como no regime Pinochet. Se o Parlamento existe é para que um grupo de representantes tenha domínio mais profundo dos temas a serem votados. Assim, o parlamentar é delegado, não teleguiado, e não faz sentido que seu voto seja sempre rastreado pelo eleitor, que não tem tempo nem dados para tomar a melhor posição nas votações complicadas. Se elegemos um representante como delegado e deixamos de ter confiança nele, na próxima eleição nós o trocamos. O risco de o delegado votar contra quem lhe delegou poder é o preço do regime representativo. Se o eleitor deixa de confiar no seu representante, não é agindo de forma tirana que o problema será resolvido. O que é necessário é fortalecer o Parlamento, não fazer dele um teatro de canastrões medrosos e pusilânimes, anulados em suas vontades políticas.
Cacildo Marques
Adeus, Grandes! Ou: o distrital - fábula da tradição
' Adeus gente de expressão. Adeus Deputado Romário, adeus Deputado Tiririca, adeus Deputado Arcelino, adeus Deputada Manuela, adeus Deputado Ibsen, adeus Deputado Jean! Vem aí o voto distrital, para acabar com a festa!
' Sim, o voto distrital não é para eleger gente de expressão.
' Era uma vez um planeta azul.
' Nesse planeta havia dois blocos de países. Um deles, que era liderado pelas federações US e UK, era muito apegado às suas tradições. O outro bloco era liderado pelo complexo franco-romano e tinha olhar mais aberto às concepções modernas que viessem a favorecer o desenvolvimento humano, como o princípio da dignidade, a rejeição à pena capital, o ensino público e o voto proporcional.
' O bloco US-UK era muito rico e isso fazia com que muitos imitadores em torno do planeta não enxergassem o que havia de atrasado em suas instituições. Mas vejamos o que ocorria nesse bloco em relação ao seu sistema eleitoral. O voto distrital, do qual esses países não abriam mão por nada, eliminava a possibilidade de se eleger algum deputado de expressão. Cada país só passava a conhecer nominalmente algum deputado quando ele se elegia Presidente da Câmara, ou, no caso do país que adotava o parlamentarismo, quando esse deputado era o primeiro-ministro. Como toda regra tem exceção, aconteceram dois casos de deputados que ganharam expressão nacional, um por um escândalo, outro por uma lamentável tragédia. No caso da federação UK, descobriu-se que um era casado com uma prostituta brasileira. Sim, nesse planeta havia prostitutas brasileiras. Na federação US, o caso trágico deu expressão nacional, e até internacional, a uma deputada, ou representante, que foi baleada durante um comício.
' Nessa federação US, os deputados, ou representantes, não se apresentavam como representantes, pois sabiam que eram imediatamente tomados como ilustres desconhecidos. Então eles se diziam congressistas, para serem confundidos com os senadores, estes, sim, gente de expressão. Na federação UK, o volume enorme de deputados sem expressão, eleitos pelos seus rincões, chamados distritos, garantiam a perenidade, com chances grandes de ocupar o governo, a uma agremiação chamada Partido Conservador, algo impensável no bloco franco-romano.
' Entre os países seguidores do bloco US-UK, o mais importante talvez fosse a federação germânica, que, certa vez, pelo seu voto distrital, levou ao governo uma aberração chamada nazismo. Procurou temperar o sistema depois com a introdução do voto em lista fechada, uma cota que cada partido tinha para amainar o voto distrital, indicando os nomes de expressão sob escolha das cúpulas. Era uma maneira de salvar as aparências para o antiquíssimo sistema do voto distrital, mas o eleitor não podia sufragar os nomes dos candidatos de expressão, e, sim, votava no partido para ficar sabendo depois quais eram os nomes indicados. Um pequeno país que estava se formando, a ANP, passou por um grande transtorno. Uma agremiação de fanáticos tanto exigiu que conseguiu fazer com que a ANP trocasse o sistema de voto proporcional pelo de voto distrital. O resultado foi que o grupo fanático ganhou o governo e, pouco tempo depois, via guerra civil, expulsou os rivais da região mais populosa, chamada Gaza, à qual passou a governar com mão de ferro.
' O país franco do bloco franco-romano não usou sempre o voto proporcional, apesar de a ideia ter nascido lá, como desdobramento de um sistema chamado Método Condorcet, dos tempos da Revolução, e ter sido aplicado pela primeira fez em 1899 num país vizinho chamado Bélgica. Por longo tempo o país franco esteve sob voto distrital, até que subiu ao trono um príncipe chamado Miterrand. Ele revogou o sistema distrital e então a eleição parlamentar seguinte, pelo voto proporcional, encheu o parlamento franco de gente de expressão, muitos intelectuais, artistas, atletas, empresários e locutores dos meios de comunicação. Foi-se o tempo de uma assembleia nacional composta de ilustres seres apagados.
' Havia lá também um grande país chamado Federação Pindorama, do bloco franco-romano. O sistema de voto era o proporcional, mas sempre se encontravam muitos políticos lutando pela adoção do voto distrital. Com seu sistema, a Federação Pindorama já havia eleito para a Câmara figuras muito expressivas naquela sociedade, como o escritor Jorge Amado, o diplomata Afonso Arinos Filho, o líder indígena Mário Juruna, o sociólogo Florestan Fernandes e o ministro Franco Montoro.
' Fim da fábula galáctica. Agora, voltando ao Planeta Terra, nosso país quer instituir o mesmo retorno, na manobra eufemisticamente chamada de 'Reforma Política', como se o Congresso já não fizesse reforma política quotidianamente. Então dizemos adeus à gente de expressão que se elegeu recentemente, mas que corre o risco de não obter vaga no novo antiquíssimo sistema. Na realidade, todos os que se elegeram pelo voto proporcional, foram eleitos porque têm expressão (alguns desconhecidos foram eleitos pelos votos dos expressivos, por culpa de uma fórmula que precisa ser corrigida). Então dizemos adeus a ex-governadores, como o Deputado Garotinho; a ex-presidentes da UNE, como o Deputado Aldo; a ex-locutores, como o Deputado Ibsen; a ex-dirigentes sindicais, como o Deputado Berzoini; a ex-atletas, como o Deputado Romário; a ex-humoristas de TV, como o Deputado Tiririca; a ex-presidentes de central sindical, como o Deputado Paulinho; a ex-reitores, como o Deputado Newton Lima; a ex-atores de TV, como o Deputado Stepan Nercessian; a ex-senadores, como o Deputado Sérgio Guerra; a ex-prefeitas de capital, como a Deputada Erundina.
'Cacildo Marques - Professor, escritor, matemático, administrador
Fabuloso Brasil, terra abençoada por Deus, mas ignorada por sua gente
Vou citar, por mémoria alguns, pouco olhando quem usufrui . Nao estou procurando culpados, mas em busca de questionamentos legitimos pois tocam diretamente na condiçao da cidadania neste país. Para que serviram em termos de melhoria da qualidade de vida, de todos os brasileiros, todos cidadaos com reconhecidos direitos, e deveres, diante de uma mesma pátria? E se houve vantagens, que sejam esclarecidas e recebam os parabens quem mereça!
Quem lembra da Transamazonica e pode dizer quanto consumiu, tanto em riquezas propiciando o progresso da nação como um todo, como riquezas individuais ou grupais, de alguns felizardos que fecharam os olhos sobre outros dramas humanos na mesma época? Quanto custou em prejuizo ambiental? Houve, após o fim do periodo ditatorial, o esforço de fazer a luz sobre tais decisoes?
A Usina Nuclear Angra dos Reis, comprada da Alemanha Ocidental, na época, que vivia sérias discussoes internas, diante da insistencia dos Verdes de lá em questionar a segurança e utilidade das usinas nucleares na território alemão. Desmontaram uma de lá p/ montar aqui. Quem sabe dizer quanto custou realmente, adiantou que naquela época inotícias davam um acrescimo de mais 30 milhoes de $ sobre a já existente Divida Externa Brasileira? O que e representou em termos de destinar recursos preciosos para combater o pior mal do Brasil: o caos social e a disparidade entre classes sociais? Na época nao se falava ainda de classes A,B,C,D e E! Quanto ao Estado do RJ onde se situa, quais vantagens vieram em introduzir numa área do litoral fluminense uma obra que exige segurança total para o resto da vida?
Para encurtar, somem os gastos com a Ponte Rio-Niteroi, a Barragem de Tucuruiõ onde milhes de km2, de um precioso ecosistema lregional e áreas extensas de árvores submersas, estourando com um grande escandalo financeiro na época? Aí veio Carajás com a escravidao humana e a triste corrida do ouro! Há ainda Itaipu. grande Itaipu! Ninguem sabe dizer ao certo quanto representou em transformaçao do ecosistema e enchentes cheias de desastres, humanos e mateirais, pelos estados vizinhos do Sul.. Estou falando apenas de obras de infraestrutura e nao de corrupçao ou escandalos político/financeiros.
Somem os bancos que sumiram, com o notável BNH criado para solucionar a quesao da habitaçao! Engolido sem deixar rastros, em silencio! Houve auditoria?
Muitas vozes, em cada época, de cada fato, se levantaram contra tudo isto. Hoje estão caladas apesar de ter tido poder suficiente de fazer a luz sobre questões de interesse coletivo e cujos efeitos sao sentidos até hoje!
TEO
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
França/Brasil: outra política é possivel/ Une autre politique est possible!!!
Está tudo do jeito que os franceses não querem por lá! Não há na Av Champs-Elysées, nem em qq cidade francesa, menor que seja, uma liberdade de montar negócios, dirigidos por estrangeiros, de procedencia duvidosa, com mercadorias de origem desconhecida! Ainda mais com inúmeras intervenções da PF para fechar o local para voltar ao normal depois! São procedimentos desconhecidos na França e que fariam o FN ou qualquer partido sério, levantar a voz em nome da dupla preferencia francesa: cultural e prioridade dos bons empregos!
No entanto aplaudem quando isto acontece fora de seu país! Como se as massas de indignados na Espanha, França e outros países não tivessem seu recado entendido: querem outra política!
Nos também, no Brasil! Que possa surgir a verdadeira cooperação entre povos e não uma pseudo-cooperaçaõ entre governos! Aplaudir uma falsa democracia aqui é convidar os outros a acreditar que um país que censura noticias nos seus jornais, a respeito de operações duvidosas de gente importante,, seja considerado democrata! Viva um Canard Enchainé por aqui!!!!O seu lema antigo de que a liberdade tem que ser usada para não ser perdida é moderna aqui! Teo Attar
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Indignation collective vue du Brésil
S’indigner de quoi ? Vue du Brésil, la question est autre : vaut-il la peine de s’indigner ?
Avant de plonger dans la question de l’indignation au Brésil, venons en aux faits qui ont déclenché cette envie d’en parler : les circonstances internationales depuis 2008, avec des retombées en 2011 qui n’ont pas fini de surprendre et qui auront certainement des conséquences plus profondes dans le monde, même dans la diplomatie mondiale !
Le monde est plus petit que jamais sans plus d’espace d’expansion pour ceux qui ont pris l’habitude de grandir ou de recommencer leur vie ailleurs. D’espace géographique terrestre bien sûr, attendant le moment que la Stratosphére et le monde des bas-fonds des océans connaissent le triste sort de l’Ouest Américain : une exploitation au détriment de la nature et ceux qui y vivent naturellement, dits indigénes !
L’ironie de l’Histoire, c’est qu’elle se sert de petites excuses pour provoquer de profonds changements dans le pouvoir jusqu’alors établi. Ce fut le cas avec ce vendeur ambulant tunisien qui sacrifia sa vie, fatigué de se soumettre á un systéme bouffeur d’hommes. Il ne pouvait pas s’imaginer la formidable explosion locale qui allait s’en suivre. Et les tempêtes déclenchées en Méditerranée surtout !
L’indignation au Brésil est depuis longtemps ancrée dans la nuit des temps et finit par atteindre bien plus l’indigné que la source qui le déclenche.
Exprimer son indignation, ici, devant des faits aussi graves que ceux qui se sont transformées en banalités, c’est provoquer l’incomprehension des interlocuteurs. Il y a une sorte de mur du silence immédiat á toute révélation qui indigne au pluriel.
Quoi de plus banale au Brésil qu’une favela ? Il y en a dans toutes les villes, des plus grandes aux plus petites. C’est le degré de progrés qui détermine son expansion. Prenez les plans de Rio de Janeiro voilá 50 ans et aujourd’hui : l’expansion territoriale des favelas est expressive ! Il serait impossible de ne pas voir ce phénomene et prendre des mesures aptes á bloquer ce courant qui a mené tout droit á une rupture sociale rare dans le monde.Et pourtant la réalité est lá révêlant un pays immensement riche et d'un rare potentiel....mais oú régne une politique faite de scandales et silences, s'entremêlant, dans tous les domaines.
Finissant par créer une sorte de fatalité: c'est partout pareil, donc normal ici! Est-ce vrai? A quelle échelle devient-elle révolte populaire?
Voilá une invitation á une reflexion collective. A suivre....Teo Attar
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Indignação Vista do Brasil. O Caminhar da História
As reflexões a respeito da indignação e dos levantes da assim chamada Primavera Árabe, visavam situar primeiro alguns acontecimentos no cenário mundial que tiveram alguma relação com a atual expressão da indignação coletiva, tal como foi clamada na Espanha, em Israel e outros países onde o clamor público exige uma política de Estado que inclui o fator social no centro de suas preocupações e não como elemento secundário. O recado é simples: a renumeração do capital, investidores e, principalmente, especuladoresnãopode ser adquirido ao custo do abandono de uma política de proteção social!
É preciso relacionar alguns acontecimentos, longínquo um do outro, mas totalmente conseqüentes ao olharmos a História com uma retrospectiva nem tão distante assim.
Temos antes de mais nada o cenário mundial herdado da Segundo Guerra Mundial com dois gigantes disputando as sobras do banquete: Estados-Unidos e URSS (União Soviética)! Os primeiros não tiveram outra saída senão tomar medidas capazes de reconstruir seus aliados do Ocidente, com novos aliados incondicionais que precisavam recuperar a estima nacional: a Alemanha e o Japão, Todos os esforços foram feitos para mostrar para as populações desses países, França, Itália, Holanda e outros, a superioridade do sistema capitalista e, sobretudo, as vantagens da democracia.
Do outro lado, a URSS fez de tudo para ocupar espaços vazios ou disputar simpatias regionais singulares. Eles fincaram pé no Egito, por exemplo, construindo a Barragem de Assuã e suprindo-o de armas para sustentar a guerra contra Israel. Com a derrubada do Rei do Iraque e novo regime, “Popular Democrático”, republicano, tomado via Golpe de Estado por forças locais, fincaram os pés por lá como o fizeram na Síria onde acabou reinando um presidente que tomou o poder e ficou lá até morrer, legando a sucessão para seu filho, como se fosse monarquia a absoluta: Hafez El Assad, aliado regional incondicional e protegido dos soviéticos. Até o desmantelamento do Império Soviético Comunista. É de notar que nesses países, no Egito particularmente, o próprio PC egípcio era banido e seus adeptos perseguidos. A diplomacia americana conseguiu reverter a hostilidade do Egito daquela época, na era de Anwar-e-Sadat. Esse, num gesto espetacular, tão surpreendente como os levantes de hoje na Tunísia, expulsou a presença soviética, fechando os portos egípcios para sua armada. Recebendo uma boa recompensa em contrapartida dada pelos USA que passaram a tê-lo como aliado, estabelecendouma inesperada paz com Israel! O Mediterrâneo se fechava de novo diante de uma antiga obsessão e diplomacia soviética: ultrapassar o Canal de Bosfore (Turquia) e marcar presença em águas dominadas pela armada americana.
Foi o período da Guerra Fria quando todos os lances, mais desprovidos de escrúpulos sejam, foram usados nesta disputa por hegemonia mundial. O mundo moderno pagou caro essa política e não cessa de pagar até hoje! Apesar do inegável conforto que surgiu: a Guerra Fria gerou conseqüências em todas as áreas, especialmente nas áreas de pesquisa de ponta e da inesperada corrida espacial. O mundo assistia de boca-aberta, inclusive os principais países europeus democráticos, que estavam a anos-luz de poder competir com a superioridade americana..Ao mesmo tempo que eles temiam a formidável máquina de guerra que a URSS demonstrava claramente, fazendo pairar uma ameaça permanente sobre "o mundo livre"! O esforço e opoderio americano gerou até um livro famoso de Jean Jacques Servan Schreiber, "O Desafio Americano" que mostrava o dinamismo da economia americana na Europa sobretudo, fator determinante de progresso e conforto do bloco Ocidental.
Vieram depois dois momentos determinantes da História Moderna: a Queda do Muro de Berlim e a Crise Economica de 2008! Assuntos do próximo blog quando veremos também como funciona a indignação no Brasil!
Ao leitor pergunto: qual relação há entre o gaulês Obelix e a indignação modelo verde/amarela?
É anedótico, mas é preciso guardar o senso de humor diante de tanta indignação contida! Até breve.....Teo
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
COLUNA DE OPINIÃO EM FRANCÊS: 27/9
A OCDC liberou o uso, nestas colunas, de um espaço em francês, buscando criar troca de opiniões e intercambios, nacionais e internacionais, focando sempre a cidadania sob os seus diversos aspectos, direitos e deveres.
Nada impede que haja espaço de lazer com composições poéticas multilingue, musicais ou outras incentivando o entendimento e a convivencia saudavel e pacífica entre diversas culturas.
Uma vez por semana este espaçoserá disponível, aberto a comentários e colaboração.
Bem vindos ao Espaço da Cidadania
Teo Attar
Excuses de digitation
Teo Attar
iIndignation dans le monde & Crise Économique
Indignation dans le monde & Crise Économique
Vues Du Brésil
Bientôt, à partir du 27 Septembre, ce blog publiera une édition em français visant établir um dialogue ouvert à tous ceux qui osent penser le monde autrement. Bien Sûr, ce sont dês idées et opinions qui n´engagent em rien la OCDC. Elle disponibilise simplement cet espace comme um lieu de liberte d´expression, poursuivant un même objectif affiché publiquement: défendre la citoyenneté, au Brésil, et les conditions de la vivre dignement et avec respect.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Silencio(s): Brasil, FMI, Diplomacia Internacional e Crise Económica
A Crise Econômica de 2008 realçou a estranha omissão de alguns organismos internacionais, o FMI notadamente, mais famoso que o Clube de Paris que tratam das finanças no Mundo ditando regras econômicas severas, dolorosas e impopulares, cegos, mudos, como que ignorando as conseqüências sociais.