Organização Cultural de Defesa da Cidadania - Entidade Apartidária

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Alta Corrupção


A alta corrupção é essa que ocorre nas altas esferas do poder público e econômico, desviando milhões de reais, atingindo todos os setores da vida brasileira e que acaba se constituindo num atraso de vida, acarretando consequências graves em todas as áreas que atendem as necessidades básicas da nação, como a educação, a saúde pública e a luta contra as desigualdades sociais.

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A OCDC, Organização Cultural de Defesa da Cidadania, está consciente de que a alta corrupção é um dos piores inimigos da sociedade brasileira como um todo, impedindo-a de sair do caos social onde se encontra e que exige a mobilização de todos os recursos para erradicar as causas que provocam a deterioração da qualidade de vida no Brasil.

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Diante disto, a OCDC, apoiando o Dia Internacional de Combate a Corrupção, formula o ensejo de ver uma mobilização permanente suprapartidária para tentar reverter este terrível quadro portador de mortes e desesperanças. Uma mobilização o ano todo, a partir desse que está entrando, 2010, ano de eleições no Brasil e ano de mobilização dos eleitores.

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Se o Brasil quiser superar a péssima qualidade de seus serviços de saúde, educação, lazer e cultura, acessível a todos, é preciso mobilizar todas as forças, começando pela imprensa e meios de comunicação. A alta corrupção, acompanhada da indiferença com o sofrimento dos brasileiros, é criminosa: ela mata, empurra ao suicídio gente desesperada e mantém um povo inteiro numa luta permanente para a sobrevivência enquanto os corruptos e corruptores festejam enriquecimentos ilícitos. E morte exige um luto, de porte nacional e até internacional, já que é notório o alto índice da corrupção no Brasil e suas consequências.

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É necessário organizar um repúdio coletivo da corrupção e um convite á população para sair da indiferença e assumir a proteção obrigatória que é devida às novas gerações, incapazes de lutar contra tais males sem que as gerações anteriores semeiem a resistência contra este estado de coisas no Brasil. A luta contra a alta corrupção tem de ser permanente e lembrada todos os dias até cessar a impunidade de quem se envolve em atos lesivos à nação e ao povo brasileiro.

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A indiferença que ocorreu no mais recente Dia Mundial de Combate Contra a Corrupção é mais resultante do desalento provocado por uma sensação de impotência total diante de tal fenômeno, agravado pela própria indiferença dos partidos políticos, cujos integrantes são constantemente envolvidos em denúncias escandalosas sem que a Justiça mostre o seu real poder!

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A população não acredita mais que seja possível combater a corrupção e vê nas pessoas que tentam sacudir a passividade pública personagens utópicos, sonhadores perdidos por aí, que perseguem objetivos impossíveis. É preciso apoio decisivo e verbas para poder levar adiante uma campanha permanente mostrando as consequências e o perigo que representa a alta corrupção no país.

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A OCDC gostaria de ser parceira de uma união nacional permitindo reconstruir os espíritos, primeiro para poder enfrentar então a própria questão da corrupção que tanto ajuda a manter o Brasil, grande potência continental, num estado de anão político que mal consegue garantir a vida digna à maioria de seus cidadãos e cidadãs!



quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Butantã e o Plano Diretor

  • Em 1992, na gestão da Prefeita de S. Paulo Luíza Erundina, um seminário sobre restauração de imóveis, promovido por especialistas franceses interessados no enorme campo de obras que descobriram aqui, foi lançado no Pátio do Colégio, tendo, no dia de seu lançamento, a Prefeita e convidados, brasileiros e franceses, com tradução simultânea. A Prefeita, logo de início, deu um dado que repercutiu imediatamente entre alguns especialistas de urbanismo franceses: que a cidade de SP, bom ano, mau ano, explicando as variações, cresce entre 300.000 e 400.000 habitantes! No dia seguinte, antes de iniciar as oficinas, a platéia reunida não teve mais a tradução simultânea, mas sim um intérprete fazendo o papel de tradutor. Passa-se sobre a qualidade dessas traduções. Viu-se o seguinte, entre outras: Um especialista francês, afamado lá, por sua competência, teve a humildade de tomar a palavra dizendo o seguinte praticamente: "Me chamaram para dar uma palestra sobre o assunto. Mas eu mesmo nunca lidei com números como esses que a Prefeita forneceu. Eu peço a vocês o favor de me ensinarem como fazem para lidar com eles."

  • Outra constante, a apatia da sala diante dos palestrantes. O testemunho que trago agora me levou a observar que a corrente não tinha passado entre mesa e platéia e um mal-estar começava a reinar tipo "o que estamos fazendo aqui". Os franceses falavam por metáforas tipo "curto prazo – longo prazo". Quando solicitados a especificar o que isto significava revelaram o seguinte: curto prazo no jargão francês, disse um, era o espaço de oito anos. Diante da reação da sala espantada, outro francês corrigiu: "não, na minha região é cinco anos." Em suma, curto prazo para um plano diretor é de 5-8 anos!

  • Ao soltar as especificações de longo prazo, 30 anos, a sala ficou mais espantada ainda.Existiam planos assim, prevendo com 30 anos de antecedência as alterações ou crescimento de uma área? Sim! Mas aqui mantiveram, apesar dessas revelações, políticas de improviso!

  • Vieram mais lições dos franceses que olhavam a cidade do alto do Edifico Martinelli e viam, aos seus olhos, os tesouros escondidos atrás de prédios bem deteriorados ou em estado de abandono. Revelaram que existiam fórmulas simples de avaliar quanto custaria a reforma de um prédio, bastando subir e descer pela escada e tomar notas. Prometeram ensinar essa metodologia aos seus agora colegas brasileiros. Nunca mais se ouviu falar nem do método nem do que foi feito com ele. Ou se era apenas besteirol francês, tipo brincadeira de quem não tem o que dizer.

  • Porque falo tudo isto agora, no Blog da OCDC? Porque ao ver como as coisas estão andando no Butantã e região, a gulodice imobiliária em erguer edifícios e edifícios ali sem saber exatamente a categoria social que será privilegiada, lembrei que, aparentemente, não há nenhum Plano Diretor, nem de curto prazo nem de longo prazo. Previram quantas escolas e creches a mais ia ser necessário? Previram as condições de atendimento, adaptadas aos novos números de crescimento na região, de hospitais e postos de saúde? E o transporte urbano que mal atende hoje em dia os seus usuários submetidos a aviltante situação e aceitar ser pior que sardinha (porque essa tem de ser morta para ser posta em lata)? Como será amanha? Será que as poucas estações de metrô, até Vila Sônia, vão dar conta da demanda? Como será o escoamento das vias secundárias até acessar linhas de ônibus e metrô? E não estamos falando ainda do efeito regional da Copa caso o Morumbi venha a ser confirmado, como tudo leva a crer. A melhoria não pode atender visitante ocasional quando mal atende o usuário diário. Pensar nos turistas, nos seus deslocamentos, é pensar no conforto deles durante um mês. Enquanto que pensar no usuário local é pensar na vida dele e de milhões de pessoas que dependem de um bom Plano Diretor onde todos os aspectos humanos possam ser integrados.

  • Pedimos às entidades do Butantã e outras regiões, que têm situações similares, que pensem conjuntamente em planos de interesse geral onde possa prevalecer o ser humano chamado a usufruir tudo o que foi proposto.

  • O diálogo está aberto.

Teo Attar – pela Diretoria da OCDC

segunda-feira, 19 de abril de 2010

CADÊ NOSSO ÔNIBUS

Nós moradores dos bairros da Vila Sônia e Jardim Monte Kemel, estamos indignados com a falta de respeito da empresa Consórcio Sudoeste, operadores da linha 6245/10 Vila Sônia e também com o descaso da Secretária dos Transportes e Sptrans para com os usuários desta linha de ônibus. A linha 6245/10 sempre funcionou da Vila Sônia/Estação da Luz, sem se quer consultar os usuários foram diminuindo o percurso, primeiramente para a Praça do Correio, depois para a Praça das Bandeiras e atualmente para Hospital das Clínicas e pior ainda diminuíram de dez para cinco ônibus, isso na hora de pico, fazendo os usuários virarem sardinha em lata, fora desse horário a empresa diminui ainda mais os ônibus, fazendo os usuários dessa linha ficarem até uma hora e meia à espera do ônibus que não aparece.
Nós moradores do Distrito Vila Sônia, solicitamos que a ONG-OCDC, organize uma reunião especifica para discutir o transporte público na região. Nós moradores temos que desacomodar do aconchego do sofá e vir participar, só assim pode melhorar.
Roldão Soares

LEMBRETE IMPORTANTE

A diretoria da OCDC faz questão de lembrar que o seu BLOG-OCDC.BLOGSPOT.COM é um espaço da cidadania onde é preservada a liberdade de expressão, representando a opinião de quem escreve e nao necessariamente da diretoria ou de todos os associados da Organização Cultural de Defesa da Cidadania.
Fica claro que a OCDC recomenda o respeito aos seus estatutos que proibem qualquer tipo de descriminação, de incitação ao ódio racial, etnica ou religiosa. Fazendo do respeito à diferença uma filosofia recomendada aos seus associados e simpatizantes.
Assim, os textos e opiniões publicados no blog são de única responsabilidade de seus autores.
Esperamos que o espirito de respeito mútuo seja posto acima das divergencias de opinião, fazendo das contraversias que podem surgir pontos de avanços sociais na busca do dialogo e de afirmação da liberdade de expressão e da democracia.
Segunda-feira, 19 de Abril 2010
Pela diretoria da OCDC
Toufic Attar

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O QUE SERÁ DO BUTANTÃ AMANHÃ?

CUIDADO: A ESPECULAÇÃO IMOBILIARIA NO BUTANTÃ PODE EXPULSAR DE LÁ OS ATUAIS MORADORES?

É um assunto que não pode passar despercebido. O que está acontecendo com o Butantã, Taboão da Serra e região, já aconteceu em outros tempos e outros bairros, empurrando os moradores de classe média para mudanças de endereço e vida.
Nos anos de alta inflação, em torno de 85/86, a alta dos alugueis bem acima do poder aquisitivo empurrou quem não podia acompanhar o processo inflacionário para outros bairros. O Butantã foi uma das áreas que recebeu muita gente que vinha em busca de alugueis mais baratosou de imoveis mais acessíveis para comprar. Hoje, estamos diante de uma situação semelhante. Na medida que chegam os grandes conjuntos habitacionais na Vila Sonia, Jd. Bonfilioli, Monte Kemel e outros, as grandes construtoras estão investindo pesadamente para comprar lotes de terrenos e casas afim de constituir um estoque propício a receber futuros investimentos. Sem que nada seja feito para dizer sehá planos paralelospara construir mais escolas, creches e toda a infraestrutura necessária para usufruir de uma vida decente. Semana que vem abordaremos este assunto, convidando a um dialogo a nivel da sociedade civil para procurar entender o que vai acontecer daqui em diante com a exploração imobiliaria. Quem vai poder ficar, quem vai ter que sair. E para onde? Se todas as direções, Raposo, Rio Pequeno, ao longo de toda a Av. Francisco Morato já estão entupidas, com um treansito que desafia a paciencia de qualquer um. Enquanto os responsáveis pelo Metro contam vitória a inauguração da Estação Vila Sonia em 2012/14, ninguem sabe o que está sendo preparado no plano da MOBILIDADE URBANA, no transito em geral, nos transportes públicos em particular, caóticos, entupidos de gente, saturados em horário de pico. Como solucionar se não há discussão franca e aberta? A indiferença atual, ou a omissão, pode custar bem caro para quem acha que não vai ser atingido no plano individual. Questões coletivas precisam de respostas e responsabilidades coletivas. Ao nosso entender o exercicioda plena cidadania livre passa por este caminho deindagar qual amanhã querem para nossos filhos e netos. Aceito debate sobre este tema, direto ou entre entidades. A OCDC quer ser apenas uma das vozes que se erguem a favor da humanização da questão pública. Bom fim de semana. Teo

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Plenária sobre o transporte público em São Paulo.







Dirigiu a reunião o presidente da ONG, prof. Cacildo Marques.

Soletrando 2010

Quando cheguei a S. paulo à trinta e sete anos atrás, o meu objetivo era trabalhar e poder ser alguem na vida. Esse é o objetivo da maioria daqueles que migram para o sul do país. Chegamos com nossos sonhos e o que encontramos, na maioria das vezes, é muita dificuldade. O nordestino em S. paulo quer o que ele não tem em sua terra, que é poder trabalhar com dignidade ou seja, o básico necessário para qualquer cidadão progredir na vida.
Os problemas começam com os preconceitos, as pessoas que aqui chegaram a mais tempo, vindos das mais diferentes regiões da Brasil e do mundo ver nesse movimento migratório uma ameaça à sua estabilidade. Esses acontecimentos fazem parte da história de S. Paulo, no passado eram os Italianos os maus feitores. Tudo que acontecia de errado era culpa das marranos, palavra pejorativa designativa dos judeus, mouros e italianos entre outros tidos como intrusos.
Mas o tempo passou e esses migrantes adquiriram, através de muito sacrificio, o reconhecimento da sociedade. O escritor paulista nascido em Piracicaba, soube como ninguem arrancar das páginas dos jornais da época belas crônicas retratando o jeito e a fala dos italianos do Brás, Bexiga e da Barra Funda. A comovente história do Gaetaninho, uma criança pobre que sonhava passear de carro e que esse passeio só acontece quando o pequeno Gaetaninho corre para pegar uma bola sendo atingido por um bonde que lhe ceifa a vida.
A crônica de Alcântara Machado diz: "Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da rua do Oriente e Gaetaninho, não ia na boléia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia na frente dentro de um caixão com flores pobres por cima." Essas eram as crônicas colhidas por Acântara Machado da sociedade da época.
Hoje, passados tantos anos do milagre brasileiro, onde diziam que o Brasil estava crescendo, e que o paraiso era o sul do pais, estamos nós nordestinos, aqui no sul do país. Passamos por muitos constrangimentos por estarmos em terras estranhas, mas soubemos fazer nossa parte. Como bem nos caracterizou o escritor Euclides da Cunha: "O Sertanejo acima de tudo é um forte". Educamos nossos filhos para que hoje eles nos deem orgulho, não apenas a nós, como também aos paulistas e a todo povo brasileiro.
Ontem dia 10 de abril foi a final do soletrando do Caldeirão do Huck e pela primeira vez um paulista é finalista do soletrando. E esse representante de S. Paulo é filho de um casal Alagoano o Sr. Luis Honório Silva e sua esposa D. Maria de Fátima.
Dener Luis silva 12 anos 7ª série do ensino fundamental, aluno da E.E Américo Brasiliense, é o novo campeão do soletrando 2010. O Dener também foi medalha de prata da olimpíada de matemática do ano passado. Eu como nordestino, cearense, fico orgulhoso de sua vitória, pois é isso que nós nordestinos desejamos ao migrar para S. Paulo: Mostrar a nossa garra e a nossa força, e que temos muito a contribuir com a cultura de S. Paulo e do Brasil.

Francisco Gonçalves de Oliveira

sábado, 10 de abril de 2010

Transportes

Cidadania e Transportes públicos

A cidadania é um direito inalienável de todos os brasileiros. Portanto, tudo que se relaciona à vida acaba repercutindo na maneira como é vivenciada essa cidadania. Podendo ser boa ou ruim, péssima ou excelente. É preocupante quando ela deixa de ser referência incontornável para melhorar os padrões em vigor. É preciso intensificar a busca de novos parâmetros qualitativos permitindo melhorias sensíveis em conquistas sociais. Sendo a facilidade e comodidade de circular facilmente pela área metropolitana uma dessas conquistas. A melhoria constante do transporte público pode ser considerada conquista social sim, oferecida aos milhões de usuários que estão sofrendo as consequências de uma situação que constrange a todos! A dificuldade e os constrangimentos constantes ao se deslocar para trabalhar, voltar para casa ou até passear não podem ser considerados como banalidade pelas administrações encarregadas de zelar pela boa função da vida pública.

Os transportes públicos, como tudo que se refere ao trânsito, fazem parte do conceito de respeito à cidadania, permitindo ser usufruída com liberdade e segurança na mobilidade. Não há porque não querer acrescentar "conforto"! Não seria nenhuma extravagância premiar quem tanto sofreu até agora e deu seu suor para engrandecer a nação e a cidade onde mora.

É de conhecimento público que há sérios gargalos neste setor ora em debate que acabam interferindo na vida do cidadão, por mais humilde que ele seja. Vamos pegar um exemplo prático.

Um cidadão que mora em Taboão da Serra, ou na região do Butantã, precisa ir ao HC do outro lado do Rio, com consulta/hora marcada. Se chegar atrasado em uma hora, ele perde a consulta agendada há seis meses ou mais. Para chegar na hora certa, ele precisa sair 2 ou 3 horas antes, dependendo de fatores alheios à sua vontade, o mau tempo, algum acidente grave no percurso, etc. Este tempo precioso é tirado dele sem o mínimo constrangimento; e ainda é obrigado a circular nas condições impostas por outros cidadãos, similares a ele, mas que deixaram de usar os meios de transportes públicos por comodidade pessoal ou ao ter de assumir cargos importantes. No entanto, todos são submetidos ao ritmo infernal de uma cidade cujos limites geográficos são gigantescos, transformando São Paulo numa megalópole bem difícil e complexa de administrar. Com repercussões diretas nas áreas estaduais, federais e internacionais (ônibus ou táxis em atraso, conexões perdidas), compromissos prejudicados. É muito mais sensato interferir para criar políticas de transporte público identificadas com o cidadão comum, isto é, com o interesse coletivo.

Nos países que frequentemente são tomados como exemplo de democracias que funcionam é isto: é o cidadão comum, isto é, qualquer um, que é o beneficiário final. Ele reage bem ou mal, de acordo com a sua satisfação, ou não, dos serviços prestados. Esses, em nenhum momento, podem negligenciar a satisfação dos usuários, sejam eles ricos ou pobres! Sejam TGVs e aviões, sejam bondes e meios mais populares! A decência no trato humano é regra a ser seguida e respeitada! É um dos méritos da democracia.

Aqui no Brasil não pode e nem deve ser diferente. As desculpas de heranças e histórias do passado não funcionam mais como argumentos suficientes. Não somos menos dignos do que ninguém para termos uma cidadania respeitada, dentro dos princípios modernos de democracia, liberdade e liberdade de expressão. Poder participar de discussões e soluções de interesse coletivo passa a ser simplesmente algo pertinente à própria condição da cidadania. E aqui, neste debate, queremos abordar a questão de poder transitar de um lugar para outro sem estresse e sem sofrer as consequências de atrasos contínuos. Seja o usuário funcionário público, empregado, mandatário ou quem quer que seja que é suposto assumir sua função em hora certa; seja a empresa empregadora suposta necessitar da presença dessa pessoa naquela hora fixada por suas necessidades internas!

Chegou a hora de deixarmos de pertencer ao pelotão de frente, praticamente campeões mundiais, na mania de não chegar na hora certa! A gente sabe que a reunião das quinze não pode começar antes das dezesseis! Quando lembram que há outros compromissos pela frente... pois é, a vida é assim, uma corrida permanente... poderiam facilitar um pouco este ritmo, não é?

Voltando ao que nos interessa aqui, as políticas públicas devem estar necessariamente preocupadas com os usuários/cidadãos. Nesse sentido, é necessário também que a sociedade civil, como um todo, possa participar da busca de melhorias sensíveis: é o que chamamos de cidadania participativa e responsável. Criticar é bom. Buscar soluções e alternativas positivas é melhor ainda! O interesse do cidadão final tem que prevalecer sobre todos os interesses, desde que não seja ferido o princípio de proteger os interesses nacionais. Ora, esses foram claros ao definir o usufruto da cidadania como bem supremo de todos nós, incluindo, na última Constituição, essa condição inalienável de todo brasileiro.

A plenária pública convocada para o dia 11 de abril, é, de fato, um convite para estabelecer um debate permanente, um diálogo construtivo, mesmo que seja reivindicativo. O que interessa é o resultado final: atender as necessidades locais de transportes com conforto e segurança durante os sete dias da semana! Porque, mais do que nunca, o tempo do lazer exige deslocamentos rápidos e eficientes. Não dá para ficar meia hora, quarenta minutos ou mais, para esperar um ônibus que não chega ou, quando chega, aceitar, sem alternativa, fazer o papel de sardinhas enlatadas!

A OCDC tomou a liberdade de convocar a plenária esperançosa de que o dialogo irá continuar, quaisquer que forem os resultados das eleições, com a cooperação de todos que entendam que a cidadania passiva e omissa precisa passar a ser ativa e participativa. É o que esperamos. É o nosso compromisso. Sem pudor de admitir que somos uma ONG bem pequenina, sem dúvidas, mas seguindo fielmente a nossa razão social: Organização Cultural de Defesa da Cidadania. Ou seja, ser um dos canais organizados da sociedade civil, independente, colocado acima dos interesses partidários, em prol da cidadania de todos nós, nossos filhos e filhas, netos e netas! Defender a cidadania como conceito cultural respeitando o ser humano no seu direito de viver livre, sem descriminação e sem ser exposto a situações de aviltamento.

Hoje abordamos apenas um dos aspectos desta questão. Convidamos o público a aderir, encorajar-se e participar desta empreitada. Vamos abrir a plenária conscientes de que estamos em busca de soluções. Não necessariamente hoje. É o inicio de um ciclo de debates que a OCDC pretende promover, com a colaboração de outras entidades, de maneira periódica. Reencontrando o lado positivo das controvérsias que permitem analisar assuntos importantes sob vários pontos de vista.

Afinal, somos todos paulistanos e é SP que precisa ser humanizada no meio de tanta robotização! Obrigado e bem vindos ao debate que foca Cidadania & Mobilidade Urbana.

Teo - OCDC

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Da-gente-ingrata

Da gente ingrata

(A Condorcet)

*

- Vem aí o portador

Do estandarte da esperança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Vem aí o que anuncia

Novo tempo de bonança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem quem traz a verdade

Que a visão jamais alcança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem o que decifrou

O veneno que há na lança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem o que abriu a trilha

Do futuro da criança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem o que traz a chave

Do equilíbrio da balança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- O arauto da liberdade

Fraterna e igual. Que haja a França.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem quem usa na escrita

Cores vivas sem nuança.

Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem a voz da ciência,

O que instrui quando ela avança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem quem não pede votos,

Mas propõe uma aliança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!

*

- Lá vem quem destrói os males

Se neles pões confiança.

- Tomates nele!

Mais ovos nele!


Cacildo Marques

sábado, 3 de abril de 2010

Eleições no Chile

Dina Lida Kinoshita* ::A eleição no Chile e sua complexa realidade


Concluído o processo eleitoral no Chile, vencido pelo megaempresário Sebastián Piñera, com um resultado superapertado sobre o democratacristão Eduardo Frei, da Concertacion, é importante que se entenda melhor o que é a sociedade chilena, dividida ao meio desde a redemocratização, há vinte anos.

Antes de tudo, é bom que se saiba que há na pátria de Pablo Neruda insatisfações políticas de todo lado. Pinochetistas ressentidos com Piñera por não dar aval explícito aos métodos utilizados pela ditadura, e esquerdistas ressentidos com a política da Concertación apesar da grande popularidade da presidente Michelle Bachelet.

Ainda no plano político, há no país um bloco expressivo que vai da centro-esquerda à esquerda e outro que vai da centro-direita à extrema direita. Nem as concepções pinochetistas nem as do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria) estão mortas embora vistam novas roupagens.

Examinemos as duas últimas décadas pós-redemocratização. O processo de derrubada da ditadura de Pinochet não permitiu a instalação de uma Assembléia Nacional Constituinte nem grandes mudanças na Constituição vigente, justamente porque não há maioria absoluta em nenhum dos dois blocos. A herança da ditadura deixou intacta a lei do “um terço de senadores vitalícios” ou o sistema binomial de listas eleitorais que na prática dá uma certa estabilidade ao regime atual mas só permite eleger candidatos das grandes coalizões. Os senadores vitalícios garantem maioria absoluta à direita no Senado da República e obstruem todas as propostas de mudanças sociais, tais como o divórcio ou o aborto, dois problemas que afetam sobremaneira as gerações mais jovens e as feministas.

O sistema binomial afeta setores da esquerda chilena que chegam a obter mais de 5% dos votos e não têm sequer um único representante no parlamento como é o caso do Partido Comunista Chileno.

Apesar destes fatos não há um processo sério de mobilização por uma nova Constituição e muitos setores da esquerda preferem criticar a Concertación por não se empenhar por mudanças como se fosse fácil fabricar maiorias absolutas numa sociedade dividida ao meio. Isto também é um sinal de isolamento da extrema esquerda que ainda sonha com soluções que passam por cima de uma Constituição democrática ou não dão a devida importância à elaboração de uma nova Carta, já que esta não terá a feição que lhes interessa. É o famoso “tudo ou nada” muito comum entre as esquerdas latino-americanas.

Por outro lado, o Chile não escapa à crise internacional da esquerda. O PC chileno já vinha num processo de definhamento devido à repressão no período da ditadura e se debilita ainda mais após a queda do “socialismo real” por seu sectarismo, fechando os olhos para as grandes mudanças que vem ocorrendo no mundo desde os anos 80 do século passado. Mas o grande Partido Socialista Chileno (PS) que deu a ossatura à Frente Popular que elegeu Salvador Allende, o primeiro presidente marxista da América Latina, está em frangalhos. Ricardo Lagos, predecessor de Bachellet na Presidência da República, abandonou o PS e fundou o Partido por la Democracia (PPD).

Outro aspecto a considerar é que tanto Jorge Arrate, candidato do Partido Comunista, como Enrique Ominami, que se colocou como candidato independente no primeiro turno, são egressos do PS e o primeiro deles já foi seu presidente. O deslocamento de Arrate do PS para o PC demonstra o descontentamento de uma ala de esquerda do PS com o governo Bachellet, considerado muito tecnocrata e pouco político, não obstante a ênfase em políticas públicas responsáveis pela popularidade da atual presidente. Já Ominami amealhou votos entre um público jovem cujas críticas são mais difusas e não viam muita diferença entre os dois principais candidatos e, no segundo turno, mesmo com o apoio expresso deste a Frei, dividiram seus votos entre os dois por razões de simpatia pessoal ou outro motivo qualquer.

Não paira nenhuma dúvida que com a ascensão do candidato da direita ao Palácio de la Moneda, a política e a economia chilenas não terão muita diferença. Do ponto de vista econômico, o Chile constitui - desde o tempo da ditadura - um espaço de drenagem de recursos. A economia, essencialmente voltada para a exportação, tem como principais produtos o cobre, as frutas, a madeira e o peixe. O que está ocorrendo é uma superexploração destes recursos naturais que ocasionará um empobrecimento irreversível quando o recurso se esgotar. Contudo, diminuir o ritmo desta exploração significa menor exportação, área considerada vital para o modelo chileno. Parece que este esgotamento começa a ser visível, mas não há grandes investimentos em ciência e alta tecnologia que possam mudar este perfil.

Como se constata, há no Chile sinais da própria crise dos partidos, fenômeno que ocorre em todo o mundo. Piñera é um grande empresário e não um político tradicional vinculado a uma máquina partidária. É um processo parecido com o de Vicente Fox no México (O gerente da Coca-Cola no país de Emiliano Zapata cooptou para o Ministério das Relações Exteriores o conhecido acadêmico de centro-esquerda Jorge Castañeda).

A política externa chilena também não deve mudar muito na medida em que, diferentemente de outros países da região, esta política defende os interesses do país sem utilizar critérios ideológicos em suas decisões. Assim, o Chile manteve boas relações com os Estados Unidos ao longo dos últimos vinte anos, sua economia de livre mercado é a mais aberta da América do Sul, sem as restrições da economia brasileira ou argentina. Além de ser membro do Mercosul, o país andino tem tratados de livre comércio com a União Européia e, desde 2004, com os EEUU. É membro da OCDE e já tem um acordo estratégico com o México aprovado durante o governo Bachellet.

Piñera já vem convidando técnicos competentes da Concertación para o seu governo, procedimento utilizado por Nicolas Sarkozy na França. Isto pode deflagrar uma crise ainda maior entre os socialistas. Mas não deixa de aflorar a crise dos partidos de um modo geral. As velhas bandeiras estão muito difusas e as novas, bem como as formas de luta ainda estão por nascer. Entre os que se aferram ao passado e os que olham para o futuro com bandeiras como a cidadania e o poder local como meio de aprofundar a democracia, um meio ambiente sustentável, uma governança global demcrática com justiça e paz vai se abrindo um fosso e novas formas de organização devem surgir para superar os desafios do século XXI.

Sem deixar de levar em conta o fato de Frei não ter sido um candidato que empolgou os eleitores, este importante pleito sinaliza claramente a crise da esquerda e centro-esquerda que não conseguem visualizar o que é fundamental numa determinada etapa de conquistas para a qual a coalizão deveria ser mais ampla a fim de eleger mais representantes no Parlamento e, lamentavelmente, não é o que vem ocorrendo; ao contrário, os diversos partidos e grupos internos no partido, se digladiam ao longo dos anos.

Por isso, considerar-se o resultado da eleição chilena como um retrocesso talvez não capte a singularidade e a complexidade desse curioso país latinoamericano. Certamente o novo contexto criado poderá propiciar, a médio prazo, um novo realinhamento de forças que possa efetuar as reformas que o país exige e a atual coalizão de centro-esquerda não foi capaz de realizar.

* Dina Lida Kinoshita é física, membro da Cátedra Unesco para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância, do Instituto de Estudos Avançados.

Detratores

Detratores

*

Quem diz que eu roubo alguma coisa

Nunca passou de vil bandido.

Quem diz que eu bebo destilado

Bebe os esgotos do nazismo.

E nos nazistas tropeçamos

Sempre que andamos sem aviso,

Pois são dezoito em cada cem

Dos que atravessam nossa trilha.

*

Quem diz que eu minto anda abraçado

À sombra dos mais tolos mitos,

Anda fugindo da verdade

Como o boçal foge dos livros.

E o mentiroso é uma serpente

Que abrindo a boca sempre esguicha

O fel que torna amarga a noite

E apaga a luz do próprio dia.

*

Quem diz que nutro alguma inveja

Vive na inveja contorcido,

A triturar os próprios ossos,

No vale azedo da agonia.

Pois o invejoso enxerga o outro

Como o maior que sempre o humilha,

E então inverte o que antevê:

Escuridão, se algo cintila.

*
Cacildo Marques




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Mar-da-Holanda

Mar da Holanda

('The Golden Vanity' - Canção tradicional britânica)

*

Um navio navegava

Veloz sobre o Mar da Holanda,

Nosso navio tinha nome:

Era o 'Golden Vanity',

E temíamos ser batidos

Por espanhóis inimigos

CORO:

Singrando ele o Mar da Holanda, Holanda, Holanda,

Singrando o Mar da Holanda, sim.

*

Então o jovem criado

Deu um passo e declarou,

Inquirindo o capitão:

"O que o senhor me daria

Se eu nadasse até os cascos

Dos espanhóis inimigos

Tragando-os ao Mar da Holanda, Holanda, Holanda

Tragando ao Mar da Holanda, sim?"

*

"Oh, eu te daria prata,

Também te daria ouro,

E daria minha filha

Para se casar contigo

Se nadasses até embaixo

Dos espanhóis inimigos

E os desses ao Mar da Holanda, Holanda, Holanda,

Desses ao Mar da Holanda, sim."

*

Então logo ele nadou,

Sob aplausos dos marujos,

Mas o capitão negou-se

A cumprir o prometido

Desprezando o suplicante

Quando este pediu auxílio,

Deixando-o no Mar da Holanda, Holanda, Holanda,

Deixando-o ao Mar da Holanda, sim.

*

E daí ele nadou,

Indo em direção ao porto,

E olhando seus companheiros

Lançou-lhes amargos gritos:

"Resgatem-me, companheiros,

Pois eu estou à deriva,

A morrer no Mar da Holanda, Holanda, Holanda,

Morrer no Mar da Holanda, sim."

*

Seus colegas o puxaram,

Mas no convés morreu ele.

Coseram-no em sua rede

Que era larga e bem urdida,

E baixaram-no ao mar

E a maré o encobriu,

Dando a ele o Mar da Holanda, Holanda, Holanda,

Dando-lhe o Mar da Holanda, sim.

*

(Tradução: Cacildo Marques)

Monografia de: Edileuza Pimenta de Lima

A aluna presta uma homenagem ao Genésio Homem de Oliveira

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Centro de Ciências Humanas – CCH
Curso de História
Edileuza Pimenta de Lima
"Trabalhador: arme-se e liberte-se":
A Ação Libertadora Nacional (ALN) e a resistência operária
pela luta guerrilheira.
Rio de Janeiro
2007
2
Edileuza Pimenta de Lima
"Trabalhador: arme-se e liberte-se":
A Ação Libertadora Nacional (ALN) e a resistência operária
pela luta guerrilheira.
Monografia apresentada ao Curso de História
da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (UNIRIO) como requisito para
obtenção do grau de bacharel, orientada pelo
professor pós-doutor Marco Aurélio Santana.
Rio de Janeiro
2007
3
Agradecimentos
A todos os entrevistados, que me abriram não somente suas casas, mas também
suas vidas. Agradeço por nossas conversas, por suas contribuições, críticas e
questionamentos. Agradeço a confiança depositada e espero nunca decepcioná-los.
A meus pais, que embora não tenham estudo legaram destino diferente a seus
filhos. Ao mano querido pela cumplicidade. Ao Josias, pessoa fundamental em minha
caminhada, mesmo que tenhamos tomado rumos diferentes.
A Carlos Henrique de Oliveira, guerrilheiro tardio da ALN, que honrando a
memória de seu pai, Genésio Homem de Oliveira, me abriu a rede de contatos em São
Paulo. Agradeço também, meu grande amigo e eterno companheiro, por você ter
reavivado minha paixão revolucionária e minha consciência latino-americana ao me
apresentar Victor Jara.
A Paulo Carvalho, pela força em Belo Horizonte, seja por ocasião deste trabalho
seja por motivos que só pertencem ao baú de segredos de dois grandes amigos que nos
tornamos.
A Reinaldo Guarany Simões, guerrilheiro "faca-grande", por nossos muitos
papos e pelos seus sempre bem humorados questionamentos. Só não aceito concorrer
com você ao Jabuti de ficção.
A Luís Roberto Clauset e a Manoel Cyrillo de Oliveira Neto pelo carinho e pelos
bons papos. A Clauset por seus sempre valorosos conselhos e pelas grandiosas
oportunidades, e ao Maneco pelo respeito (como ele diz, "avalie a magnitude do respeito
de uma personagem – mesmo que seja a de um guerrilheiro – diante da (oni)presença de
sua autora").
A meu orientador, Marco Aurélio Santana, quem primeiro acreditou em mim e
estendeu-me a mão. Ensinou-me que ousadia é diferente de precipitação, e nossa
convivência me marcou muito pelas críticas sutis, mas contundentes.
4
Ao NETS (Núcleo de Estudos e Referências sobre Trabalho, Trabalhadores e
Sindicatos), onde trabalhei com o professor Marco Aurélio e com caros colegas que me
permitiram muitas trocas.
A UNIRIO, por me proporcionar as experiências mais significativas possíveis em
termos de conhecimento e por fazer de mim uma historiadora.
A Icléia Thiesen, grande amiga, pelo carinho e preocupação que sempre
demonstrou, pela sensibilidade diante de minhas angústias e pelas muitas lições de vida.
Exemplo de mulher que me inspira pela força, competência, equilíbrio e sensatez.
Aos amigos do trabalho, com quem muito aprendi no último ano e presenciaram
minha "transformação": A Ana e a Chris, que viram desmoronar minha coleção de
certezas absolutas e conferiram a mim a leveza necessária para viver, e não "encarar" a
vida; a Victor, Patrícia, Célia, Fátima e Silvana, seres preciosos de características
radicalmente distintas uns dos outros e que por isso mesmo me permitem partilhar o que
há de mais diverso possível; a Leyla, minha mãe adotiva, quem muito me abriu os olhos
em diversos momentos e cuja maior luta foi tentar me convencer da existência do
operário taxista (sic). Ao Roberto, quem muito contribuiu com este trabalho ao saber
compreender minhas ausências.
Aos puros e muitos amigos dos bancos escolares de meus primeiros anos. Aos
poucos, mas valorosos, da faculdade, que buscaram se eximir da torpe vaidade
acadêmica.
Aos muitos outros amigos, os presentes e os ausentes com quem sei que posso
contar, anjos que sempre souberam muito bem rir e chorar junto. Cada um a seu modo
contribuiu para que eu me tornasse o que sou hoje, mas responsabilizo-os apenas pelas
minhas qualidades, pois meus defeitos reservo-os à autocrítica.
A Deus, aos deuses, aos espíritos, à natureza, enfim, à Metafísica e a todas as
suas contribuições diretas ou indiretas.
A todos os guerrilheiros que lutaram, tombaram e não tiveram tempo de se
perceber entrando para a História. Fica registrada toda a minha reverência e a promessa
de sempre honrar os seus nomes.
5
Em memória de Genésio Homem de Oliveira, guerrilheiro
operário que aprendi a amar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Provocações

É ruim, mas é bom ser provocado
E gosto, porque não gosto
E quando eu não gosto respondo
Às vezes eu uso o respeito

Invoco até papai Raimundo
Que é para rimar direito
E ganham as letras o mundo!
E eu fico aqui satisfeito.

Tento deixá-lo polido
Com métrica e rima de soneto.
Mudo palavras deixo-o contido

Queria ser um poeta maldito
Mas, sou muito comedido
Desculpa irmão! É meu jeito.

Francisco Gonçalves de Oliveira

quinta-feira, 1 de abril de 2010

acidadaniaemquestao

A perplexidade domina o cenário politico brasileiro. Quanta gente anda por aí decepcionada, desiludida diante de uma triste constatação: parece impossivel alterar o modo de fazer politica no Brasil já que tudo parece corrompido por vicios profundamente enraizados!
Eis que estamos em ano de eleições importantes sem que tenham sido rediscutidos, abertamente, publicamente e exaustivamente, o papel dos partidos politicos, de seus compromissos e responsabilidades. Diariamente somos bombardeados por noticias de escandalos e comportamentos que desafiam o nosso intelecto: somos obrigados a aceitar isto em silencio e porque? O que pode ser feito para reverter este quadro e voltar a acreditar na politica como terreno propício a mudanças profundas permitindo o surgimento de politicas de bem-estar social e de soluções que impedem o povo brasileiro de usufruir dignamente de suas riquezas nacionais?
Parece urgente recolocar uma velha conquista preciosa ao ser humano: a cidadania reconhecida como direito inalienável a cada um de nós brasileiros, nao importando o estado de seu bolso.

Porém, o exercicio de uma cidadania ativa e responsável exige também a recupração de outra regra que está em perigo atualmente: a liberdade de expressão! Eis que recentemente, para impedir um prestigiado jornal de falar de um determinado cidadão, impuseram uma estranha censura que parecia querer ditar aos jornalistas o que pode e nao pode ser abordado! Impor limites, restringir, em defesa de interesses individuais em detrimento do interesse coletivo, mostrou que para os censores (e quem os usa) a democracia é algo segundário, menos importante. Enquanto estamos convictos que liberdade e democracia são indispensáveis para a busca de soluções em todos os setores da vida humana, fazendo da cidadania digna e respeitada um bem-comum a todos.
Eis porque estamos sugerindo uma coluna dentro deste blog que cuide do assunto acima:acidadaniaemquestao, seus males e suas conquistas no dia-a-dia da gente. Que tal? Teo
No próximo dia 11 de Abril a OCDC promove uma Plenária sobre transportes públicos e mobilidade urbana. O que isto tem a ver com a cidadania? Venham descobrir ou discutir conosco.

Carta do ser Humano a você.

Carta do Ser Humano a você.
Meu nome é Ser humano, nome esquisito, não? Eu não sei como vim parar nesse lugar.. dizem que o nome dele é universo. E querem saber de uma coisa? O universo é um tremendo de um malandrão, ta sempre me enganando, transformando as coisas em outras, a semente em árvore, o dia em noite, a criança num adulto.. até transformou a mim, um homem alto e forte, num velhinho fraco e corcunda, nem pareço o mesmo. E vou confessar a você que tudo isso me espanta muito, por vezes me pego procurando o fio que liga meu coração à tomada. Não o encontro. Meu coração bate sozinho.
Não sou habituado a este tal de universo nem a esse tal de mim mesmo. Tudo me espanta, por isso, busco explicação para tudo, aliás tenho duas filhas a mais velha, a Mitologia (Mitó) e a mais nova, nascida na Grécia,Filosofia (Filó). Sim! Eu, Ser humano, gerei a Filosofia. Pra ser sincero, não sei bem quem é a mãe da Filó (vergonhoso isso, eu sei) antes eu achava que era a Explicaçãodascoisas.. mas fico confuso.. porque há possibilidade de ser a Indagaçãosobreascoisas. São duas mulheres maravilhosas essas. Mas como tenho que decidir somente por uma, decido que a Mãe da Filó é a Indagaçãosobreascoisas.
A minha filha, Mitologia, é muito séria, sabe. Apesar das duas terem a mesma mãe, a Indagação, a Filó é muito diferente da Mitó. A Mitó não se lembra muito da mãe dela, nunca mais se indagou sobre as coisas, só nasceu da barriga da Indagação, mas esqueceu-se dela. É teimosa, com ela não tem meio termo, não escuta ninguém, a verdade dela é absoluta e ponto. Não aceita outros pontos de vista porque se acha a última bolacha do pacote*. Diz que foi um ser divino que revelou tudo para ela e ninguém pode questioná-la. A Filó é diferente, honra a mãe Indagação que tem, se pergunta sobre tudo, até mesmo sobre as loucuras da irmã, Mitologia.
Minha filha Filó, arrumou um namorado agora, um tal do Pensamento racional. Filó namora com o Pensamento.

Bom.. agora to indo embora, e vou contar uma coisa a vocês, mas, shiiiii, pois é segredo. Vou deixar o pensamento, bem pertinho de vocês, mas precisamente EM vocês. Pensem bastante e se tornem como minha filha, filosofem.
Larissa Hupalo

1º de abril

A todos/as que partiram sem poder dizer adeus.

Caio N. de Toledo*

Há 46 anos – na data em que o imaginário popular consagra como o “dia da mentira” – era rompida a legalidade democrática implantada no Brasil com o fim da ditadura do Estado Novo (1937-1945). Nestes dias, apenas os falcões da ultradireita brasileira talvez se atreverão a lembrar ou comemorar publicamente o 1º. de abril de 1964; civis e militares que o fizerem, em bizarros cenários, serão uma inexpressiva minoria. Hoje, a quase totalidade das entidades que conspirou, apoiou e promoveu a derrubada do governo democrático de João Goulart (1961-1964), não festejará o golpe civil-militar de 1964. A este respeito, tome-se o exemplo dos grandes meios de comunicação; nestes dias, ao contrário do que fizeram durante quase duas décadas, deixarão eles de divulgar editoriais e artigos que exaltem os “feitos” do regime militar.* A explicação é uma só: no Brasil contemporâneo, todos se afirmam “amigos” ou amantes da democracia...

Diante da recorrente questão “Golpe” ou “Revolução”, deveríamos lembrar as palavras de um ativo protagonista do movimento de abril. Em celebrado depoimento (1981), , Ernesto Geisel declarou: “o que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções se fazem por uma idéia, em favor de uma doutrina”. Para o vitorioso de 1964, o movimento se fez “contra Goulart”, “contra a corrupção”, “contra a baderna e a anarquia que destruíam o país”.

As palavras do militar golpista – pertinentes, pois rejeitam a noção de “Revolução” para caracterizar o 1º. de abril de 1964 –, no entanto, podem ser objeto de uma outra leitura. Neste sentido, é possível – a partir de uma outra perspectiva teórica – ressignificar todos os “contras” presentes no depoimento do ex-ditador. Mais correto é então afirmar que 1964 representou: (a) um golpe contra a incipiente democracia política brasileira; (b) um movimento contra as reformas sociais e políticas e (c) uma ação repressiva contra a politização dos trabalhadores e o promissor debate de idéias que, de norte a sul, ocorria do país.

Em síntese, no pré-1964, as classes dominantes e seus aparelhos ideológicos e repressivos – diante das iniciativas e reivindicações dos trabalhadores no campo e na cidade e de setores das camadas médias – apenas enxergavam “crise de autoridade”, “subversão da lei e da ordem”, “quebra da disciplina e hierarquia” dentro das Forças Armadas e a “comunização” do país que, no limite, implicariam a “dissolução da família” e o “fim propriedade privada”. Embora, por vezes, expressas numa retórica “radical” – reformas na “lei ou na marra”, “forca aos gorilas” etc. –, as demandas por reformas sociais e as consignas políticas visavam, fundamentalmente, o alargamento da democracia política e a realização de mudanças no capitalismo brasileiro.

Contra algumas formulações “revisionistas” – presentes no atual debate político e ideológico (inclusive nos campos da literatura política e historiografia progressistas) – que insinuam “tendências golpistas” por parte do governo Goulart, deve-se enfatizar que quem planejou, articulou e desencadeou o golpe contra a democracia política foi a alta hierarquia das Forças Armadas, incentivada e respaldada pelo empresariado (industrial, rural, financeiro e investidores estrangeiros) bem como por setores das classe médias brasileiras (as chamadas “vivandeiras de quartel”). Bem antes da chamada “agitação das esquerdas”, alguns desses setores começaram a se organizar para inviabilizar o governo Goulart; a mobilização pelas reformas sociais e políticas – apoiada pelo executivo – ampliou a conspiração e amadureceu a decisão dos golpistas de decretar o fim do regime democrático de 1946.

Destruindo as organizações políticas e reprimindo os movimentos sociais de esquerda e progressistas, a ação dos golpistas foi saudada pelas associações representativas do conjunto das classes dominantes, pela alta cúpula da Igreja católica, pelos grandes meios de comunicação etc. como uma autêntica “Revolução”. Por sua vez, a administração norte-americana de Lyndon Johnson (1963-1969) – que foi poupada de dar apoio material aos golpistas, como está comprovado documentalmente –, congratulou-se com os militares e civis brasileiros pela rapidez e eficácia da “ação revolucionária”. Para alívio do Pentágono, CIA, Embaixada norte-americana etc uma “nova Cuba” ao sul do Equador tinha sido impedida!

Embora tivesse uma simpática acolhida junto aos trabalhadores, às classes médias baixas e aos meios sindicais, o governo João Goulart ruiu como um castelo de areia. Dois de seus principais pilares de apoio – como apregoavam os setores nacionalistas – mostraram ser autênticas peças de ficção. De um lado, o propalado “dispositivo militar” que seria comandado pelos chamados “generais do povo”; de outro, o chamado “quarto poder” que estaria representado pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). A rigor, ambos assistiram – sem qualquer reação significativa ou eficaz – a queda inglória de um governo a quem juravam fidelidade; inclusive, diziam os mais “radicais”, com o peço da própria vida.

Desorganizadas e fragmentadas, as entidades progressistas e de esquerda – muitas delas subordinadas ou tuteladas pelo governo Goulart – não ofereceram qualquer resistência à ação dos militares. Sabe-se que, às vésperas de abril, algumas lideranças de esquerda afirmavam que os golpistas – caso atrevessem quebrar a ordem constitucional – teriam as “cabeças cortadas”. Mostraram os duros fatos que se tratava de uma cortante metáfora. Com a ação dos “vitoriosos de abril”, esta expressão, no entanto, tornou-se uma aguda e cruel realidade para muitos homens e mulheres durante os longos e sombrios 20 anos da ditadura militar.

46 anos depois, nada há, pois, a comemorar. O golpe de 1964 foi um infausto acontecimento pois teve conseqüências perversas e nefastas no processo de desenvolvimento econômico, político e cultural do Brasil – que ainda se refletem nos tempos presentes. Decorridos 46 anos do golpe, o conjunto da sociedade brasileira repudia a data, mas os progressistas e socialistas não podem se satisfazer com a derrota sofrida pelos golpistas no plano ideológico. Se os valores da democracia atualmente são diuturnamente exaltados no debate político e cultural, os progressistas e os socialistas não podem se calar diante do fato de que o regime democrático vigente nos pós-1985 ainda não fez plena justiça às vítimas da ditadura militar e ainda todos aguardamos que a verdade sobre os fatos ocorridos entre 1964 e 1985 seja plenamente conhecida. Sendo o “direito à justiça” e o “direito à verdade” condições e dimensões relevantes de um regime democrático, não se pode senão concluir que a democracia política no Brasil contemporâneo não é ainda uma realidade sólida e consistente.

C. de Toledo

FW: blog ocdc

BLOG OCDC


"Acidadaniaemquestao"



O BLOG DE OPINIÃO



"O RESGATE DA CIDADANIA PASSA POR UMA POLITICA DE BEM-ESTAR SOCIAL E DE VALORIZAÇÃO DO SER HUMANO."



BLOG OCDC:


JUNTE-SE A NÓS. CIDADANIA & VALORIZAÇAO HUMANA.

Desde seu nascimento em 2004, a história da OCDC é a tomada de consciência de um grupo de amigos que tiveram como denominador comum trabalhar em prol de melhorias de vida nas suas comunidades de base, certos de que ações locais podem ser fontes de novos rumos para a reconquista do conceito da dignidade cidadã como conquista definitiva de uma luta pela democracia que vem ao longo do tempo e encontra meios de manter viva a chama da esperança de que o ser humano seja tratado como ser humano e não uma simples mão de obra barata e descartável.

A OCDC nasceu da soma de esforços de várias pessoas que sempre militaram para disseminar, ao seu redor, a prática da cidadania participativa, ativa, preocupada com os rumos do Brasil, sim, mas conscientes da importância de incentivar as comunidades locais a buscar soluções para melhorar a qualidade de vida independentemente de sua participação partidária.

Cada associado se empenhou como pôde na construção de uma verdadeira democracia no Brasil. Aos poucos juntaram forças gente do Butantã, Taboão da Serra, Pinheiros e arredores, buscando a construção de uma sociedade mais justa, de valorização do convívio humano. Foi assim que nasceu a "Gazeta Cidadã", jornal gratuito distribuído na Vila Sonia e arredores. Encontra-se no momento em estado de espera para ser relançado.

Em 2008, com o desencanto com a atuação dos partidos políticos, criou-se uma perplexidade dentro do grupo, e uma discussão: o que fazer para resgatar a vontade de participar da construção política do país apesar de tudo o que está acontecendo? Melhor ainda: como continuar a fazer política sem vender a alma ao diabo, construindo o Brasil de nossos filhos, netos e bisnetos, já que não tivemos a felicidade de ver o conceito da boa qualidade de vida vingar como algo perfeitamente possível, nada utópico, neste imenso Brasil, imensamente rico também.

Os fatos vieram confirmar essa afirmação de extremamente rico: apesar do surgimento de escândalos vergonhosos (e criminosos) todo dia quase, continuou-se a prática de assaltar o erário público sem que ninguém conseguisse frear o verdadeiro sangramento dos cofres públicos! Nada aconteceu para ninguém. Sob nenhum governo. Nem os anteriores nem o atual. Talvez nem o futuro. Isto... se a sociedade não acordar diante do custo da corrupção que se instalou no Brasil tomando como justificativa que "sempre foi assim".

Apesar destes sangramentos, os crimes contra a sociedade brasileira continuaram, continuam ainda, com todo dia surgindo revelações de milhões e milhões de reais usados para fins outros que não a eliminação da miséria de nossa triste história.

Os associados da OCDC decidiram então dar um novo passo rumo à construção de uma Organização disposta a defender a cidadania, pondo-a acima dos interesses partidários. Que cada um tenha o seu partido, ou sua maneira de fazer política, mas que todos buscassem o interesse coletivo como primeira meta! Um novo estatuto muniu-a de condições de cumprir seu papel socioeconômico.

Mais do que isto: a gente sabe que é preciso incentivar a criação de milhares de empregos, com a valorização da mão-de-obra humana, dando-lhe condições de viver dignamente e satisfatoriamente.

É a nova política da OCDC de buscar na criação e desenvolvimento de novos projetos que tenham em comum uma visão social, uma concepção empresarial e a geração de novos empregos: é a vontade de participar de um esforço nacional para o fomento ao emprego com salários mais condizentes com o custo de vida local.

Um dos aspectos que mais é valorizado pelos atuais associados é a independência de opinião, a liberdade de pensar e opinar, preferindo uma boa controvérsia à omissão ou ao silêncio.

Nestas condições, e diante do atual cenário nacional que pede um engajamento de todos a favor da construção de um Brasil mais justo e mais humano, nasce o "Blog OCDC", UM JORNAL DE OPINIÃO.

O Blog está aberto a todos os enfoques de interesse socioeconômico. Mas também pretende levar entretenimento aos amadores de poesia, leitura, diversão, valorizando o lazer como algo essencial a todo ser humano.


Teo