Cidadania e Transportes públicos
A cidadania é um direito inalienável de todos os brasileiros. Portanto, tudo que se relaciona à vida acaba repercutindo na maneira como é vivenciada essa cidadania. Podendo ser boa ou ruim, péssima ou excelente. É preocupante quando ela deixa de ser referência incontornável para melhorar os padrões em vigor. É preciso intensificar a busca de novos parâmetros qualitativos permitindo melhorias sensíveis em conquistas sociais. Sendo a facilidade e comodidade de circular facilmente pela área metropolitana uma dessas conquistas. A melhoria constante do transporte público pode ser considerada conquista social sim, oferecida aos milhões de usuários que estão sofrendo as consequências de uma situação que constrange a todos! A dificuldade e os constrangimentos constantes ao se deslocar para trabalhar, voltar para casa ou até passear não podem ser considerados como banalidade pelas administrações encarregadas de zelar pela boa função da vida pública.
Os transportes públicos, como tudo que se refere ao trânsito, fazem parte do conceito de respeito à cidadania, permitindo ser usufruída com liberdade e segurança na mobilidade. Não há porque não querer acrescentar "conforto"! Não seria nenhuma extravagância premiar quem tanto sofreu até agora e deu seu suor para engrandecer a nação e a cidade onde mora.
É de conhecimento público que há sérios gargalos neste setor ora em debate que acabam interferindo na vida do cidadão, por mais humilde que ele seja. Vamos pegar um exemplo prático.
Um cidadão que mora em Taboão da Serra, ou na região do Butantã, precisa ir ao HC do outro lado do Rio, com consulta/hora marcada. Se chegar atrasado em uma hora, ele perde a consulta agendada há seis meses ou mais. Para chegar na hora certa, ele precisa sair 2 ou 3 horas antes, dependendo de fatores alheios à sua vontade, o mau tempo, algum acidente grave no percurso, etc. Este tempo precioso é tirado dele sem o mínimo constrangimento; e ainda é obrigado a circular nas condições impostas por outros cidadãos, similares a ele, mas que deixaram de usar os meios de transportes públicos por comodidade pessoal ou ao ter de assumir cargos importantes. No entanto, todos são submetidos ao ritmo infernal de uma cidade cujos limites geográficos são gigantescos, transformando São Paulo numa megalópole bem difícil e complexa de administrar. Com repercussões diretas nas áreas estaduais, federais e internacionais (ônibus ou táxis em atraso, conexões perdidas), compromissos prejudicados. É muito mais sensato interferir para criar políticas de transporte público identificadas com o cidadão comum, isto é, com o interesse coletivo.
Nos países que frequentemente são tomados como exemplo de democracias que funcionam é isto: é o cidadão comum, isto é, qualquer um, que é o beneficiário final. Ele reage bem ou mal, de acordo com a sua satisfação, ou não, dos serviços prestados. Esses, em nenhum momento, podem negligenciar a satisfação dos usuários, sejam eles ricos ou pobres! Sejam TGVs e aviões, sejam bondes e meios mais populares! A decência no trato humano é regra a ser seguida e respeitada! É um dos méritos da democracia.
Aqui no Brasil não pode e nem deve ser diferente. As desculpas de heranças e histórias do passado não funcionam mais como argumentos suficientes. Não somos menos dignos do que ninguém para termos uma cidadania respeitada, dentro dos princípios modernos de democracia, liberdade e liberdade de expressão. Poder participar de discussões e soluções de interesse coletivo passa a ser simplesmente algo pertinente à própria condição da cidadania. E aqui, neste debate, queremos abordar a questão de poder transitar de um lugar para outro sem estresse e sem sofrer as consequências de atrasos contínuos. Seja o usuário funcionário público, empregado, mandatário ou quem quer que seja que é suposto assumir sua função em hora certa; seja a empresa empregadora suposta necessitar da presença dessa pessoa naquela hora fixada por suas necessidades internas!
Chegou a hora de deixarmos de pertencer ao pelotão de frente, praticamente campeões mundiais, na mania de não chegar na hora certa! A gente sabe que a reunião das quinze não pode começar antes das dezesseis! Quando lembram que há outros compromissos pela frente... pois é, a vida é assim, uma corrida permanente... poderiam facilitar um pouco este ritmo, não é?
Voltando ao que nos interessa aqui, as políticas públicas devem estar necessariamente preocupadas com os usuários/cidadãos. Nesse sentido, é necessário também que a sociedade civil, como um todo, possa participar da busca de melhorias sensíveis: é o que chamamos de cidadania participativa e responsável. Criticar é bom. Buscar soluções e alternativas positivas é melhor ainda! O interesse do cidadão final tem que prevalecer sobre todos os interesses, desde que não seja ferido o princípio de proteger os interesses nacionais. Ora, esses foram claros ao definir o usufruto da cidadania como bem supremo de todos nós, incluindo, na última Constituição, essa condição inalienável de todo brasileiro.
A plenária pública convocada para o dia 11 de abril, é, de fato, um convite para estabelecer um debate permanente, um diálogo construtivo, mesmo que seja reivindicativo. O que interessa é o resultado final: atender as necessidades locais de transportes com conforto e segurança durante os sete dias da semana! Porque, mais do que nunca, o tempo do lazer exige deslocamentos rápidos e eficientes. Não dá para ficar meia hora, quarenta minutos ou mais, para esperar um ônibus que não chega ou, quando chega, aceitar, sem alternativa, fazer o papel de sardinhas enlatadas!
A OCDC tomou a liberdade de convocar a plenária esperançosa de que o dialogo irá continuar, quaisquer que forem os resultados das eleições, com a cooperação de todos que entendam que a cidadania passiva e omissa precisa passar a ser ativa e participativa. É o que esperamos. É o nosso compromisso. Sem pudor de admitir que somos uma ONG bem pequenina, sem dúvidas, mas seguindo fielmente a nossa razão social: Organização Cultural de Defesa da Cidadania. Ou seja, ser um dos canais organizados da sociedade civil, independente, colocado acima dos interesses partidários, em prol da cidadania de todos nós, nossos filhos e filhas, netos e netas! Defender a cidadania como conceito cultural respeitando o ser humano no seu direito de viver livre, sem descriminação e sem ser exposto a situações de aviltamento.
Hoje abordamos apenas um dos aspectos desta questão. Convidamos o público a aderir, encorajar-se e participar desta empreitada. Vamos abrir a plenária conscientes de que estamos em busca de soluções. Não necessariamente hoje. É o inicio de um ciclo de debates que a OCDC pretende promover, com a colaboração de outras entidades, de maneira periódica. Reencontrando o lado positivo das controvérsias que permitem analisar assuntos importantes sob vários pontos de vista.
Afinal, somos todos paulistanos e é SP que precisa ser humanizada no meio de tanta robotização! Obrigado e bem vindos ao debate que foca Cidadania & Mobilidade Urbana.
Teo - OCDC
Parabéns pela mobilização!
ResponderExcluirNão conhecia a ONG, e achei muito boa a plenária de hoje, que mostrou o envolvimento de todos com diversas questões importantes!
Têm o meu apoio!
Luciana - moradora do bairro
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ResponderExcluirEssa foi a primeira do ano. A ONG pretende intensificar essa prática, muito importante para o exercício da cidadania. Quem lá compareceu teve uma importante aula sobre cidadania com a ativista dos direitos humanos Drª Lucrécia.
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