Organização Cultural de Defesa da Cidadania - Entidade Apartidária

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Como a ditadura me atingiu (see below: biography)





''' Primeiro, vamos ao ponto mais premente. Nos anos 70, quando a Dilea Frate foi presa, junto a outros professores da ECA-USP, ao voltar ela contou a uma amiga minha, Paula, um fato que ocorreu no DOI-Codi e que eu não mais esqueci: o delegado mostrou a ela o caderno de um aluno e perguntou se era aquilo que ela ensinava nas aulas de jornalismo. Ela pôde analisar o texto no caderno do aluno e memorizou bem o tipo de letra. Na volta à sala de aula verificou que a letra era de um aluno chamado S. Esse sujeito, S., da turma da Lilian Wite Fibe (que não era muito de conversas na época), do Caio Túlio Costa, do Matinas Suzuki Jr., do Laerte Coutinho, Da Mônica Teixeira, do Fausto Macedo, da Angela Pappiani e de outras figuras que se destacaram no ofício, deve ter entregue muitos dos professores da escola, talvez até o próprio Vlado.



''' TRAMA. Mas uma outra amiga, Yumi, veio me contar algo mais preocupante para o meu lado. Numa roda de alunos, não sei se em aula, S. afirmou que a pessoa que entregava os nomes dos professores para a repressão era eu. A história era tão idiota que não levei muito a sério, mas fiquei esperando encontrar-me com o agente S. para tirar as coisas a limpo. Só que eu nunca mais o vi por ali. O que eu cursava na ECA eram disciplinas optativas, que o meu curso obrigava a fazer.



''' PERFIL. A consequência do jogo criminoso do S. para o meu lado veio agora, décadas depois. Eu tinha amizade com os quatro filhos adultos do Rubens Paiva, e o Marcelo entrou na ECA para cursar Rádio e TV alguns anos depois daquela fase. Foram muitos anos sem que eu visse esses irmãos, a não ser por algum contato telefônico e também uma vez em que encontrei o Marcelo no Jô, quando o programa era no SBT. Ocorre que no final de 2011 encontrei no Facebook os perfis da Nalu, da Veroca e do próprio Marcelo (não cheguei a ter acesso ao da Eliana). Certamente, pedi para me adicionar, um depois do outro.



''' AMIZADE. O que aconteceu é que a Nalu não aceitou me adicionar. Tentei o Marcelo, idem. Finalmente, tentei a Veroca, e o perfil dela foi bloqueado para mim. Depois de vários dias intrigado, liguei os pontos. Só podia ser a injúria do S., que o Marcelo deve ter ouvido, por terceiros, e comunicou às irmãs. Isso foi muito doído, porque minha amizade com a Nalu e a Veroca ia muito além de coleguismo e de arriscar a vida juntos, na luta contra o regime.



''' DENÚNCIA. Sim, pode ter sido o S. que entregou meu nome para o DOI-CODI. Meses depois da morte do Herzog e do Fiel Filho, e antes da queda do general Ednardo no II Exército, fui investigado. A OBAN (Operação Bandeirante), braço de inteligentsia do DOI-CODI, levantou minha ficha. Não fui preso porque interferiu a meu favor o tio do Aloizio, que era da nossa turma e que hoje é Ministro da Educação. O pai do Aloizio, general, era o diretor da ESG na época. Os militares não me pegaram, mas dois anos depois fui mantido em cárcere privado e sofri tentativa de assassinato, sob ordens de civis, de gente das famílias que deram o golpe do primeiro de abril. Nem sob tortura vou declinar o nome dessa gente, porque o acerto de contas, se vier a ocorrer, tem de ser entre mim e eles.



''' GOLPES. Vendo a história em perspectiva, faço uma leitura que gostaria de compartilhar. Se me perguntassem em 1988, por exemplo, eu teria dito que houve um golpe militar em 1964. Ora, no dia 3 de outubro de 1930, os militares deram um golpe. Após dez dias, entregaram o poder aos civis, empossando Getúlio Vargas. Mas no dia 1 de abril de 1964 ocorreu o contrário: os civis deram um golpe. Como perceberam que não sustentariam a armação, dez dias depois elegeram um militar, através do Congresso Nacional. A partir do dia 11 de abril de 1964, os generais construíram a história que foi para os livros, dando conta de que eles tomaram o poder no dia 31 de março! A história foi outra. No dia 10 de abril de 1964 foi publicado número especial da Revista O Cruzeiro sobre o golpe civil. Nela, o Governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais, era saudado como "O Herói da Revolução", embora o proclamador do golpe tivesse sido o Senador Auro de Moura Andrade (nosso prezado Darcy, Ministro-Chefe da Casa Civil, então muito jovem, cutucou a onça com vara curta, avisando que convocaria os militares leais ao governo para fechar o Congresso caso este depusesse João Goulart naquela madrugada). Nesse dia 10, os redatores da revista não podiam imaginar que no dia seguinte o Congresso Nacional trairia o país pela segunda vez no mesmo mês.



''' FILOSOFIA. Minhas queridíssimas Nalu, Veroca e Eliana, não esqueçam o que eu escrevi. Minha linguagem apenas amadureceu de lá para cá. Se o Marcelo ouviu aquela história, ela foi plantada pela repressão. Quando disse ao Mario Abramo que estava tendendo a abraçar o maniqueísmo, ele me alertou de que era uma filosofia atrasada, que mesmo o positivismo já havia superado isso. O Mario me trouxe uma nova visão da história. Os militares precisavam do maniqueísmo, nós, não. "A maldade dessa gente é uma arte", dizia Ataulfo, mas antes de ser uma arte é uma doença. Vamos identificar os doentes. Se alguém souber do paradeiro do S. (quem era da classe dele sabe de quem se trata), vamos levá-lo ao manicômio. Nem me passou pela ideia verificar isso na época, mas, com certeza quase absoluta, ele não ingressou na ECA pelo vestibular, via Fuvest. Os militares dos órgãos repressores tinham outros caminhos para os seus homens.




''' Cacildo Marques



Cacildo Marques Biography

     Cacildo Marques-Souza, or simply Cacildo Marques, was born at the district of Flagstones River, place of Minas, Chapada Diamantina, having been registered in Utinga, State of Bahia, Brazil, as having been born on May 9, 1952.

     Formation:

     He was alphabetized in 1958, in the only-teacher school of Flagstones River. He studied the elementary course in the School Group Clemente Mariani (1st and 2nd series, 1960 and 1961) and in the Group School Priest Joao Ramos Marinho (3rd and 4th series, 1962 and 1963), in Utinga. In 1964 he frequented the preparatory Course of Admission to the Junior School, in the School Group Priest Joao Ramos Marinho. From 1965 to 1968 he took the gymnasial course (current cycle from 6th to 9th grades) in the School Lord of Bonfim, in Utinga.
     The course of the high school was studied at the State School Goncalves Dias (1970-1972), in Sao Paulo SP. In 1973 he began the course of Baccalaureate in Statistics, in the Unicamp - Campinas SP, being expelled after one semester, because of the artistic-politics activities, developed at the academical campus against the military government.
     In 1974 he entered the University of Sao Paulo (USP), in the course of Mathematics. As he had to work during the course to sustain himself, he abandoned several disciplines of the curriculum, delaying it. In 1979 he entered the Baccalaureate in History, also of the USP, abandoning that course the following year. In 1981 he returned to the course of Mathematics, completing the Degree in 1982. Between 1997 and 2001 he went back to the USP to study Baccalaureate in Administration. He studied the Master's degree in Economics between 2007 and 2009, in the University of the State of Sao Paulo (Unesp), in Araraquara SP, having been approved in all the disciplines and in the qualification exam. On the eve of the presentation of his final dissertation, his work, on Keynesian Economics, it was rejected by the advisor, forsake of incompatible divergences.

     Profession:

     Since 1975 he exercised in Sao Paulo the occupation of basic teaching, in Junior School and in the High School, having ministered classes of Drawing, History, Statistics, English, Physics and Mathematics, after having worked some time in bureaucratic service, as in bank, as assistant of library and others. He always won some money with their artistic activities, as books, disks and shows, but he insisted on maintaining his work in the teaching, for guaranteeing a fixed remuneration, although small. That conservative attitude with the finances came from the fact of having been mother's orphan when he was 14 years-old and father's orphan when he was 17.

     Books:

     * "Rifts of Blue Fringe", poetry, by Publisher Scortecci (1982).
     * "Stories of the Future", stories in partnership with friends from IME-USP, by Editions Camatianas (1984).
     * "Eyes and Fonts of the Largest Latin Soil", poetry, by Publisher Lumine (1985).
     * "Brasilia, capital of the bonanza?", Economics, by Publisher Lumine (1988)
     * "Drawings in MSX", computation, by Publisher SCIPIONE (1989).
     * "The Sol of the flute", infanto-juvenile poetry, by Publisher Lumine (1992).
     * "Ten ways to abolish the inflation", rehearsal about Economics, by Publisher Lumine (1993).
     * "Stories of Friends", stories in partnership with friend teachers, by Publisher Scortecci (1994).
     * "How to build a world of only wealth", Behavior, by Publisher Lumine (1997)
     * "Mathematics for example", Mathematics for the High School, by Publisher Lumine (1997).
     * “Elegy to the destroyed teaching”, poetry on the education system, by Publisher Episteme (2005).
     * “From the Pinewoods to the Amazon”, poetry, by Publisher Episteme (2006).
     * “The Brussels Crisis”, Economics, by Publisher Scortecci (2012).

     Journalism:

     * He creates the Soirée Magazine, in the Cefisma (Center of Studies in Physics and Mathematics), in 1976.
     * "Perspectives for the Music and the Arithmetic" and "The Computer science in the Education",
       articles in the Jornal D'Aqui, of the Granja Vianna, Cotia SP (1986).
     * He creates and rules the "Contest of Chronicles Otto Lara Resende - 93", of the Brazilian Union of Writers,
       with sponsorship of Publisher Scipione. The Contest is destined to students of the High School (1993).
     * He participates in the creation of Vila Sonia's Newspaper (1999) and he maintains the column about education.
     * He grants interview to Folha de S.Paulo, about education (published on Sunday, 2001-11-4).
     * He becomes editor of Vila Sonia's Newspaper (2002).
     * He changes the name of Vila Sonia's Newspaper to "Gazeta Cidadan" (2005) and writes the poetry column.

     Music:

     * Presentations in programs of TV Cultura, as guitarist and composer of MPB - Folk Brasilian Music (1973 to 1977).
     * Presentations in the Display of Universitarian Music (I and II) - History-USP (1974 and 1975).
     * Composition of the songs of the play "Galileo Galilei", by Bertolt Brecht, for Cefisma Group of Theater (1976).
     * With Edmar Luciano, Manuel de Souza, Antonio Carlos and Eliete Negreiros, he plays and sings
       in all of the schools of the USP-Butantan, in the called "Tundra Project" (1976).
     * Presentation in the 1st Metropolitan Show of Universitarian Music (TUCA SP), with Deo Lopes, Eliete Negreiros,
       Arrigo Barnabe and others (1977).
     * Presentation, on May 6, in the Cycle of Universitarian Music, in the Theater of CAOC - Medicine-USP.
       Yves De La Taille, Priscilla Ermel and others was in the Cycle (1978).
     * Presentation in the 2nd Free Sample of Guarulhos SP (1981).
     * Presentation of the "Poetry and Music at the Mathematics", with the piper doctor Paulo Haiek Araujo (1981).
     * Presentation of the "Poetry and Music at the Chemistry", also with doctor Paulo Haiek Araujo (1982).
     * Composition of the songs of the play "the Bakery", by Bertolt Brecht, for the Group of Theater of IPT (1982).
     * Registration in the Nascent Project, as masters degree student, in the category Theatrical Text,
       with subsequent participation in report of VEJA Sao Paulo (1991-03-27, p. 106).



domingo, 12 de fevereiro de 2012

Transporte público em Sao Paulo

De longa data o transporte público em SP é sinónimo de desrespeito permanente ao usuario, isto é ao passageiro, transportado sob as piores condiçoes. Indo de mal em pior apesar das mudanças introduzidas por autoridades municipais que nao conseguem enxergar no passageiro a razão de ser das próprias empresas de transporte público! Sem tanta gente para transportar e, especialmente, para trabalhar, produzir, criar riquezas e manter o país em pé, nao obstante todas as malversaçoes que sempre surgem, nao haveria necessidade de manter um sistema de transporte coletivo sempre saturado! Olhem nossos trens (urbanos), nossos onibus, nossos metros, nossas vias transitáveis: cheias o tempo todo! Até a linha 4, Amarela do metro, que mal foi inaugura, incompleta ainda, já está saturada! Usuário é transportado, goste ou não, amontoado um em cima do outro! O que é proibido para o transporte de animais, já que existem critérios rigidos que determinam o minimo de sofrimento para as espécies transportadas de um lugar p/ outro! Com o usuário/gente, infelizmente, há uma indiferença total ao mesmo tempo que os responsaveis pelo transporte público clamam por sua eficiencia e sua identificação com problemas que aflingem a qualidade de vida de seus eleitores! Eis que procedem a mais mudanças nas linhas de onibus, despejando passageiros fora de seu ponto de chegada em nome da modernidade e da santa eficiencia! A esses sobra invadir o metro ou seguir caminho pegando novos onibus, sem tempo de chegar aos compromissos. Isto é política pública de transportes?
Nao se trata aqui de indignaçao, mas da recusa de aceitar a ideia que usuários estao sendo despejados longe de seus pontos de chegada e todos acham isto normal! Logo virão as eleiçoes e vão correr pedir nossos votos. Merecem algo mais que nossa indiferença com seus propósitos eleitoreiros? Quando irão respeitar o cidadao aí sim voltaremos em falar em representantes que sejam capazes de defender interesses coletivos com coragem e determinaçao. Basta pegar ônibus urbano, metro em horas de pico, filas da saúde, desespero das creches inexistentes...etc...Começando por estabelecer um transporte decente para todos! Teo Attar