Organização Cultural de Defesa da Cidadania - Entidade Apartidária

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bolor Medieval




Bolor Medieval

Tenho navegado muito na internet e leio artigos, comentários e outras publicações nas redes sociais, sites e blogs. Tenho o mesmo princípio de Voltaire, o clássico “posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizer”. Por conta disso, silenciei diante de manifestações absurdas de mentes retrógradas, preconceituosas, hipócritas e reacionárias, que não conseguem conviver com as diferenças e com as mudanças. E o que é pior, por terem galgado um posto medíocre na escala social, idolatram os títulos, mesmo que sejam adquiridos por meios duvidosos, e condenam a inteligência intuitiva. Defendem uma elite por querer pertencer a ela. É uma pobreza de espírito que dá ânsia de vômitos. Talvez fosse melhor ignorar essas mentes pobres, mas eu já ignorei demais e quero escrever sobre isso.

São essas pessoas que admiram os ditadores, inclusive, vez ou outra, manifestam atmosfera de saudade do militarismo criminoso que se estabeleceu no Brasil a partir de 1964. São eles que tratam os homossexuais como pessoas doentes ou mesmo, sem-vergonhas. Muitos desses hipócritas citam a Bíblia, falam em consciência cristã ou se arvoram de moralistas. São arrogantes dessa natureza que cultuam o machismo exarcebado, que minimizam a importância da mulher nas relações econômicas, sociais e políticas, do mundo, nos dias atuais e, por fim, são esses espectros de desumanidade que subestimam e discriminam pessoas por morarem em regiões mais pobres.

O que ameniza, nesse contexto de reacionarismo, é o fato dessas vozes não possuírem muito público, que os ouça e que se interesse por suas aberrações pseudo-intelectuais. São cães que insistem em ladrar, quando a caravana já passou há muito tempo.

Não me cabe citar nomes, até porque essa psicopatia é comum em muitas pessoas que, felizmente, já não encontram eco nos formadores de opinião verdadeiros e nos principais pensadores da realidade, o que, por conseguinte, são ideias que morrem em seu nascedouro isolado e marcado pelo bolor.

O bom senso nos remete ao horror do nazismo e do fascismo. Essa estrutura psicológica, elitista, apreciadora da ideologia da raça pura propiciou aqueles momentos estarrecedores da história humana. Por isso não consigo mais me omitir. Meu senso de humanidade, mesmo sem seguir nenhuma religião, não consegue conviver com o desprezo pelos miseráveis, pelos simples, pelos diferentes, pelos que não têm oportunidade de se defender ou por aqueles que não possuem as especificações no rótulo dos conservadores medievais.


Paulo Viana

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