Organização Cultural de Defesa da Cidadania - Entidade Apartidária

domingo, 21 de agosto de 2011

Onde começou o CEO





* Publicado no então Jornal da Vila Sônia, às vésperas da posse da Prefeita Marta Suplicy, este artigo delineou o que deveria ser um CEO (a sigla CEU tinha sido descartada, por pretensiosa). Das ideias abaixo, o autor deixou de defender a Universidade Municipal, porque as vagas pedidas foram aumentadas nas universidades federais e estaduais. Exemplar do Jornal com o artigo foi entregue ao então futuro Secretário de Finanças da Prefeitura João Sayad.
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Fazer da cidade um jardim



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Cacildo Marques (*)



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* Se os antifascistas todos não colaborarmos com a prefeita nos próximos anos, para que sua gestão melhore a cidade, teremos em seguida a eleição do partido da ditadura, o PPB, para comandar o Estado, ou até o país. Um jardim não significa apenas o lugar físico, cheio de árvores e flores. É antes uma metáfora, lançada na recomendação de Voltaire: 'cultiver son jardin', que significa 'manter uma vida saudável, fazendo aquilo que convém e que dá prazer'. Popularmente, fazer de um lugar um jardim é um modo de dizer que se vai transformá-lo num lugar muito bom.



* Mais verbas. Antes de qualquer coisa, temos de pôr 'brainstorms' em ação para trazermos à luz idéias sobre como arrecadar mais, ou como otimizar os recursos disponíveis. E um primeiro lampejo que surge é a respeito da demagógica isenção do IPTU para imóveis abaixo de certo valor, forma marota de compra de votos. Pois os donos de pequenos imóveis são proprietários, livres do aluguel, e podem pagar a cota de IPTU que lhes cabe, e que é pequena. Não se aboliria de chofre a isenção, que isso não seria político, mas deve-se enviar o carnê para todas as propriedades. Aquelas que pela lei atual estão isentas devem receber esse documento com a anotação 'pagamento voluntário'. Pode-se imaginar algum prêmio, que pode ser por sorteio, para incentivar os pagantes dessa modalidade.



* Universidade. Para resgatar a cidade são necessários mais recursos. Pois a universidade municipal, por exemplo, é uma necessidade, uma vez que o número de vagas públicas em cursos universitários é muitíssimo pequeno em São Paulo, e a USP já é uma instituição gigante, não cabendo cobrar dela aumento de vagas.



* Mananciais. Os mananciais devem ser transformados em locais turísticos, com ciclódromos, pistas de'jogging', pomares, gramados para piqueniques, tudo protegido por guardas florestais.



* Rios limpos. Dia desses sonhei que havia acontecido com o córrego que passa perto de casa aquilo que há anos imagino para o Tietê: o esgoto corria em canaleta coberta paralela ao leito límpido e piscoso, sobre o qual não se despejava nenhuma sujeira. Sem mais enchentes. É necessário deixar a chuva voltar a penetrar o solo das ruas e avenidas, pois o fenômeno da enchente surgiu depois que tudo foi coberto com asfalto. Registrei na Biblioteca Nacional anos atrás a idéia dos 'ilhoses de permeabilização', que são anéis de cimento, com grama ou arbusto ao centro, dispostos nas laterais das vias públicas.



* Escolas de período integral. Convém fazer de algumas escolas projetos pilotos de ensino em período integral. Segundo proposta defendida por Roldão Soares e por Eliseu Gabriel, isso deve ocorrer em bairros violentos, nos quais as crianças precisam estar mais resguardadas dos riscos que a rua oferece. Cada uma dessas escolas passa a contar com um local anexo chamado CEO (Centro de Entretenimento e Oficinas), onde o aluno fica um dos períodos do dia, junto com inspetores de alunos, em atividades instrutivas, lúdicas e culturais, como esportes, leituras, treino de datilografia, pesquisas, elaboração de trabalhos das disciplinas da grade regular e assim por diante. O aluno que tem aula no período da manhã fica no CEO à tarde, e vice-versa.



* Novo currículo. A escola continuará um martírio para as crianças se as matérias continuarem como estão. Urge mudar. As dez disciplinas do Ciclo Fundamental I devem ser: Português, Matemática, 'Geometria', Ciências, História, Geografia, 'Ética e Etiqueta', 'Desenho Artístico', 'Canto Coral' e Educação Física. As dez disciplinas do Ciclo Fundamental II (alunos de 12, 13 e 14 anos) devem ser: Português, Matemática, 'Geometria', Ciências (Biologia/Química/Física), História, Geografia, Língua Estrangeira, 'Teoria Musical', 'Técnicas Manuais' e Educação Física.



* A arte do mês. Cada mês do ano deve ser dedicado a uma arte. A Secretaria de Cultura, com patrocínio de empresas privadas, deve promover festivais relativos a cada uma dessas modalidades. Janeiro - Pintura; fevereiro - Escultura; março - Teatro; abril - Desenho e Artes Gráficas; maio - Paisagismo; junho - Dança; julho - Música; agosto - Literatura; setembro - Cine e Vídeo; outubro - Arquitetura; novembro - Culinária; dezembro - Decoração. A indústria do turismo só ganhará.






(*) Cacildo Marques é professor




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