Revoltas,
indignação e Crise Econômica de 2008: verdadeiro cocktail molotov que não acabou de explodir de tudo ainda! Ressentimos seus efeitos
até hoje e ninguém sabe dizer até quando!
Será
essa Crise de 2008, cujas consequencias não acabaram ainda, era tão
imprevisível?
Aparentemente, ao ter desfechos imprevisíveis e ter
provocado intervenções estatais sem precedentes, ela merece um mergulho mais profundo nas suas águas opacas.
Talvez ela fosse
que nem um cameleão; ou mais resistente que o antigo dragão, da era do
presidente Collor, que foi declarado morto ao receber a única bala que o
caçador de marajás lhe desferiu então! Ressurgindo como para afirmar que ele era muito mais um Fênix que renasce das cinzas de que um cuspidor de fogo!
Fantasias à parte, é
preciso saber rir de certas situações para não chorar de raiva ou...de
indignação!
Quantos planos emergenciais
foram deflagrados entre Estados-Unidos, U.E e Japão, com o governo chinês se
vendo obrigado a tolerar e até cooperar com a sustentação do dólar?
Do contrário, diante de
conseqüências ainda mais graves ao não encarar com toda a seriedade a questão,
anos de passagem gradual entre a austeridade da época comunista e a nova
postura, poderiam levar a aventuras que ninguém desejava. Especuladores à
parte, claro.
É preciso não esquecer
que em poucos anos a passagem de um país totalmente fechado às economias do
Ocidente, Estados-Unidos na frente, à uma nova mentalidade tanto na área
interna como externa, a China Comunista acabou ocupando a vaga de segunda potencia mundial outrora
detida pela União Soviética.
Para ela a Queda do Muro de Berlim e de seu arqui-rival, a também comunista URSS, foi algo providencial! Ela soube tirar proveito do vazio consequente passando a ser um
dos raros países que conseguiu manter, com mão de ferro, o seu caráter
comunista, sem pestanejar em recorrer à concepção capitalista de conquistar
mercados!
Conseguiu criar uma reserva em dólares excepcional, invejável, como para afirmar que em assuntos
financeiros ter ideologias opostas, até rivais, não significava mais que
interesses mútuos não pudessem ser encontrados e até desenvolvido em conjunto.
É isto que aconteceu
aparentemente.
Basta
ver a diferença de tratamento que a China dá para dois clientes diferentes: os
Estados Unidos e Brasil. O cuidado de lidar com os primeiros é bem diferente da
maneira que ignoraram os apelos do segundo de apoiar uma cadeira permanente na
ONU!
Ao
manter uma política dupla aliando um novo capitalismo dinâmico à tradicional
austeridade em controlar tudo no país, a China está conseguindo passar do papel
de mero fornecedor de produtos sem qualidade e de baixo custo (ver Tigres
Asiáticos) à uma clara demonstração de que pleiteia se alçar ao papel de ocupar espaços importantes na tecnologia
de ponta, pronta a invadir mercados até agora reservados a um pequeno clube de
fornecedores que dominam este setor.
.
Afirmar que a Crise Econômica de 2008 foi séria demais e só alguns governos se
deram ao luxo de ignorar a potencialidade de sua carga explosiva torna a divagação sobre o assunto como algo bem provável. Muitos governos e estadistas de renome já
caíram. Quantos cairão ainda. Vejamos.
Tenham paciência de me acompanhar nas divagações, nem tão absurdas assim afinal!
Será que foram
analisados, publicamente, todos os aspectos trazidos á tona por posturas de
intervenções estatais sem precedentes na história moderna em países
capitalistas e democráticos que pregavam as virtudes do neo-liberalismo até
então?
Foi
preciso que os Estados-Unidos tivessem a coragem de rasgar o véu e mostrar a
verdade crua e nua que se escondia atrás de um sistema financeiro que apareceu
podre, corroído! Surgiu a nítida imagem de especuladores desprovidos de
sensibilidade humana ao manter metas de enriquecimentos a qualquer custo. Com a
cumplicidade, conivência ou omissão dos controladores que deviam preservar as
virtudes do mundo capitalista!
Alguém consegue cifrar os danos tanto individuais como coletivos?
Quantos sonhos, quantas famílias, nos Estados Unidos, na Europa e
pelo mundo despencaram de bem alto, sem nenhuma estrutura pronta para
socorrê-los?
Como explicar aos filhos desastres desta natureza? Culpa dos pais,
das gerações de adultos que brincaram com as finanças do mundo? Culpar os
governantes e setores econômicos vorazes demais, sem apontar omissões da
própria sociedade civil que tolerou tais políticas, certa de lucros que a
favoreciam também?
Mil explicações, mil facetas, muitos silêncios e pouca indignação
coletiva demonstrada!
Nem toda verdade
surgiu, claro! Muitas zonas de sombras, segredos e mistérios cercam a
realidade.
Em cada país, cada
sistema, era possível sentir diferentemente o maremoto financeiro!
No entanto, o que veio
à superfície foi suficiente para provocar uma reação e uma mobilização em escala.
Obrigando a U.E. e os Bancos Centrais dos países ricos, junto com organismos internacionais,
como FMI e parceiros, a tomar medidas sem precedentes desde o nascimento do
Euro! Esse tinha ocupado o espaço do confiável marco alemão que acabou cedendo
a vez para a moeda única. Essa vinha tirar do dólar o privilégio de ser a única
moeda, junto com o Ouro, a servir de refúgio seguro para altos investimentos, capaz
de servir de moeda opcional para transações internacionais.
É preciso lembrar que a
Europa estava renascendo das cinzas ao sair arrasada pelos conflitos da
primeira metade do Século XX.
É
forçoso admitir aqui que a versão brasileira que o país passou intacto diante
dessa marola é bem fantasiosa!
Repercussões da primeira onda da Crise Econômica de 2008 no Brasil
Era evidente que tudo
isto ia repercutir no comercio mundial e que a luta por mais exportação era dos
poucos meios disponíveis para salvar empregos nacionais. Porém era período de
eleições e os detentores do poder precisavam emplacar seu candidato. A oposição
não soube (ou não quis) fazer do assunto uma das prioridades nacionais. A
candidata foi eleita. Só agora, 3 anos depois quase, que há um reconhecimento
da grave situação e uma aparente mobilização para enfrentar futuras
tempestades.
Porém, é preciso
registrar que no primeiro discurso oficial ela se referiu à guerra cambial!
Portanto, a seriedade
do assunto não era segredo para ninguém, nem para seu antecessor e principal
(para não dizer único) cabo eleitoral.
Apenas a prudência e a
decisão de ignorar a gravidade dos acontecimentos para o Brasil levaram a
manter ares de que o Brasil tinha uma situação privilegiada.
Abrindo parêntese, essa
postura e o silencio da oposição que não soube explorar o assunto, sequer no
debate dos dois candidatos finais, mantiveram essa explosiva questão em segundo
plano. Parece que havia um acordo mútuo
entre situacionistas e oposição para não criar um pânico interno. Todo caso, o
brasileiro continuou eufórico, mais preocupado em enaltecer o novo papel da
classe C, ávida de consumismo a qualquer custo! Mesmo com os juros mais altos
do mundo! Quanta indignação e quanto silencio sobre este assunto! Fechando
parêntese.
Diante da Crise e das
manifestações no Brasil, veio ao autor deste pensamento uma clara situação
nova: quem ia continuar comprando bens brasileiros se lá fora ia ser necessário
travar uma guerra comercial para mais vendas?
Como vender mais sem
baixar preços?
Quem ia deixar de
comprar um Jaguar ou um carro de primeira linha, em venda promocional, para
adquirir um carro brasileiro bem inferior em termos de confronto, mas não
necessariamente mais barato?
A necessidade dos
Estados Unidos encararem, publicamente, as conseqüências de anos de tolerância
ao ter apoiado (ou silenciado) progressos econômicos fenomenais sem a mínima
preocupação social e sem fiscalizar, repetimos, quem se achava acima das leis,
protegidos por cumplicidades e silêncios estranhos.
Estranhos porque
falharam as instancias que são supostas zelar pela saúde econômica do mundo
moderno surgido após o desmoronamento do Império Soviético.
Quem pode afirmar que
as atuais revoltas no mundo Árabe contra dirigentes, até bem pouco tempo,
prestigiados por seus povos e por líderes e empresários do mundo todo, dos mais
democráticos aos mais tiranos?
Será que a política
econômica que passou a vigorar no mundo não tem origem pelas opções impostas
pelo neo-liberalismo?
Esse saiu vitorioso e
como intocável com o fim do conflito que originou a Guerra Fria: a luta mortal
entre capitalismo e comunismo terminava com um capitalismo voraz, sem mais nada
e ninguém para frear uma ânsia de lucros sem limites.
Na área internacional
Não foi a política de
menosprezar a mão de obra humana ao ponto de criar concorrências desleais entre
assalariados portadores de conquistas sociais e milhões de outros, que viviam
em países onde a submissão aos governos locais era regra. O Ocidente, querendo
estabelecer negócios com o Oriente, não teve a coragem de lutar por mais
decência nas áreas trabalhistas desses países. Ali, a mão de obra local, barata
e bem numerosa, tailandesa, chinesa, vietnamita, sul-coreana (com ditadura
então) ou da Birmânia, ganhou um apelido que entrou na história: Tigres
Asiáticos!
Quantos protestos houve
no mundo contra famosas marcas do mundo do esporte que exploravam mão de obra
humana sem a mínima sensibilidade com as condições de trabalho?
Quantas cresceram ao
ponto de adquirir um poder suficiente para fazer transações milionárias na área
do futebol e outros esportes que atraiam uma publicidade que também não
manifestou solidariedade humana nem com os desempregos provocados no Oeste nem
com os novos empregados criados nessas nações transformadas em novas cadeias
produtivas, com a China sabendo fazer prevalecer sua potencia e toda a sua
habilidade política que a tornaria um parceiro incontornável da nova economia
mundial.
E ali ninguém pode
ditar aos chineses regras de comportamento.
Tentaram, tentam,
conscientes que a China não é o Irak e não é com a força militar que é possível
dialogar com ela. Pelo contrário. Isto exige uma grande diplomacia e uma
paciência digna da sabedoria milenar oriental!
Ao ponto que a China,
diante das tempestades que surgiram na Tunísia e incendiaram a região, tratou
de controlar o acesso às notícias e qualquer comunicação que pudesse
desestabilizar seu domínio total da situação.
Assim, a intervenção americana, internamente,
foi uma medida necessária, inadiável, talvez insuficiente pois ficou sem punir,
ainda, os verdadeiros cérebros que se achavam no direito de garantir lucros a
qualquer custo, sem nunca medir conseqüências, nem para o meio financeiro nem
sociais. Talvez a sua prioridade era
evitar um pavoroso pânico cujas conseqüências ninguém pode descrever.
Como para alimentar as
fantasias do que teria acontecido se essa intervenção tivesse tido outro
caráter e outras diretrizes, vai uma pergunta no ar:
O que teria acontecido se os bancos, o sistema financeiro e grandes
empresas americanas, e até de outros países, não tivessem tido este socorro extraordinário,
de não sei quantos trilhões de dólares, como aconteceu?
Os bancos
teriam falidos? E seus banqueiros e donos de
fortunas colossais, como ficariam?
Como seria a questão da mão de obra humana nas relações de trabalho
quando achavam justo renumerar de maneira desproporcional altos executivos e os
empregos de base?
Todo
caso, a reação americana ao admitir a gravidade da situação, agindo em
conseqüências antes mesmo de qualquer mobilização européia, foi um elemento
novo anunciador de novas épocas!
No próximo blog veremos
mais sobre estas questões que misturam revoltas, derrubada de velhos sistemas
que pareciam ter vida eterna e as indignações que passaram a surgir aqui e lá.
Permitindo pensar que existe espaço suficiente para transformar indignações
individuais num movimento sem precedentes de uma indignação coletiva
globalizada. Como se interesses diversos, misturando medos e ansiedades
similares, poderiam ditar a necessidade de buscar novas políticas num mundo que
nunca foi preparado para o tamanho da Crise Atual que pegou carona na de 2008
na área econômica e se transformou num enorme imbróglio social!
Teo
Attar
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