Organização Cultural de Defesa da Cidadania - Entidade Apartidária

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Crise Econômica 2008, revoltas e indignações:BUM!:



Revoltas, indignação e Crise Econômica de 2008: verdadeiro cocktail molotov que  não acabou de explodir de tudo ainda! Ressentimos seus efeitos até hoje e ninguém sabe dizer até quando!

Será essa Crise de 2008, cujas consequencias não acabaram ainda,  era tão imprevisível?  

Aparentemente, ao ter desfechos imprevisíveis e ter provocado intervenções estatais sem precedentes, ela merece um mergulho mais profundo nas suas águas opacas. 

Talvez ela fosse que nem um cameleão; ou mais resistente que o antigo dragão, da era do presidente Collor, que foi declarado morto ao receber a única bala que o caçador de marajás lhe desferiu então! Ressurgindo como para afirmar que ele era muito mais um Fênix que renasce das cinzas de que um cuspidor de fogo!

Fantasias à parte, é preciso saber rir de certas situações para não chorar de raiva ou...de indignação!

Quantos planos emergenciais foram deflagrados entre Estados-Unidos, U.E e Japão, com o governo chinês se vendo obrigado a tolerar e até cooperar com a sustentação do dólar? 

Do contrário, diante de conseqüências ainda mais graves ao não encarar com toda a seriedade a questão, anos de passagem gradual entre a austeridade da época comunista e a nova postura, poderiam levar a aventuras que ninguém desejava. Especuladores à parte, claro.

É preciso não esquecer que em poucos anos a passagem de um país totalmente fechado às economias do Ocidente, Estados-Unidos na frente, à uma nova mentalidade tanto na área interna como externa, a China Comunista acabou  ocupando  a vaga de segunda potencia mundial outrora detida pela União Soviética. 

Para ela a Queda do Muro de Berlim e de seu arqui-rival, a também comunista URSS, foi algo providencial! Ela soube tirar proveito do vazio consequente passando a ser um dos raros países que conseguiu manter, com mão de ferro, o seu caráter comunista, sem pestanejar em recorrer à concepção capitalista de conquistar mercados!

Conseguiu criar uma reserva em dólares excepcional, invejável, como para afirmar que em assuntos financeiros ter ideologias opostas, até rivais, não significava mais que interesses mútuos não pudessem ser encontrados e até desenvolvido em conjunto.

É isto que aconteceu aparentemente.

Basta ver a diferença de tratamento que a China dá para dois clientes diferentes: os Estados Unidos e Brasil. O cuidado de lidar com os primeiros é bem diferente da maneira que ignoraram os apelos do segundo de apoiar uma cadeira permanente na ONU!

Ao manter uma política dupla aliando um novo capitalismo dinâmico à tradicional austeridade em controlar tudo no país, a China está conseguindo passar do papel de mero fornecedor de produtos sem qualidade e de baixo custo (ver Tigres Asiáticos) à uma clara demonstração de que pleiteia se alçar ao papel  de ocupar espaços importantes na tecnologia de ponta, pronta a invadir mercados até agora reservados a um pequeno clube de fornecedores que dominam este setor. 
 .
Afirmar que a Crise Econômica de 2008 foi séria demais e só alguns governos se deram ao luxo de ignorar a potencialidade de sua carga explosiva torna a divagação sobre o assunto como algo bem provável. Muitos governos e estadistas de renome já caíram. Quantos cairão ainda.  Vejamos. Tenham paciência de me acompanhar nas divagações, nem tão absurdas assim afinal!

Será que foram analisados, publicamente, todos os aspectos trazidos á tona por posturas de intervenções estatais sem precedentes na história moderna em países capitalistas e democráticos que pregavam as virtudes do neo-liberalismo até então?

Foi preciso que os Estados-Unidos tivessem a coragem de rasgar o véu e mostrar a verdade crua e nua que se escondia atrás de um sistema financeiro que apareceu podre, corroído! Surgiu a nítida imagem de especuladores desprovidos de sensibilidade humana ao manter metas de enriquecimentos a qualquer custo. Com a cumplicidade, conivência ou omissão dos controladores que deviam preservar as virtudes do mundo capitalista!

Alguém consegue cifrar os danos tanto individuais como coletivos? 

Quantos sonhos, quantas famílias, nos Estados Unidos, na Europa e pelo mundo despencaram de bem alto, sem nenhuma estrutura pronta para socorrê-los?

Como explicar aos filhos desastres desta natureza? Culpa dos pais, das gerações de adultos que brincaram com as finanças do mundo? Culpar os governantes e setores econômicos vorazes demais, sem apontar omissões da própria sociedade civil que tolerou tais políticas, certa de lucros que a favoreciam também?

Mil explicações, mil facetas, muitos silêncios e pouca indignação coletiva demonstrada!

Nem toda verdade surgiu, claro! Muitas zonas de sombras, segredos e mistérios cercam a realidade.

Em cada país, cada sistema, era possível sentir diferentemente o maremoto financeiro!

No entanto, o que veio à superfície foi suficiente para provocar uma reação e uma mobilização em escala. 

Obrigando a U.E. e os Bancos Centrais dos países ricos, junto com organismos internacionais, como FMI e parceiros, a tomar medidas sem precedentes desde o nascimento do Euro! Esse tinha ocupado o espaço do confiável marco alemão que acabou cedendo a vez para a moeda única. Essa vinha tirar do dólar o privilégio de ser a única moeda, junto com o Ouro, a servir de refúgio seguro para altos investimentos, capaz de servir de moeda opcional para transações internacionais.

É preciso lembrar que a Europa estava renascendo das cinzas ao sair arrasada pelos conflitos da primeira metade do Século XX.

É forçoso admitir aqui que a versão brasileira que o país passou intacto diante dessa marola é bem fantasiosa!

Repercussões da primeira onda da Crise Econômica de 2008 no Brasil

Era evidente que tudo isto ia repercutir no comercio mundial e que a luta por mais exportação era dos poucos meios disponíveis para salvar empregos nacionais. Porém era período de eleições e os detentores do poder precisavam emplacar seu candidato. A oposição não soube (ou não quis) fazer do assunto uma das prioridades nacionais. A candidata foi eleita. Só agora, 3 anos depois quase, que há um reconhecimento da grave situação e uma aparente mobilização para enfrentar futuras tempestades.

Porém, é preciso registrar que no primeiro discurso oficial ela se referiu à guerra cambial! 

Portanto, a seriedade do assunto não era segredo para ninguém, nem para seu antecessor e principal (para não dizer único) cabo eleitoral.

Apenas a prudência e a decisão de ignorar a gravidade dos acontecimentos para o Brasil levaram a manter ares de que o Brasil tinha uma situação privilegiada. 
 
Abrindo parêntese, essa postura e o silencio da oposição que não soube explorar o assunto, sequer no debate dos dois candidatos finais, mantiveram essa explosiva questão em segundo plano.   Parece que havia um acordo mútuo entre situacionistas e oposição para não criar um pânico interno. Todo caso, o brasileiro continuou eufórico, mais preocupado em enaltecer o novo papel da classe C, ávida de consumismo a qualquer custo! Mesmo com os juros mais altos do mundo! Quanta indignação e quanto silencio sobre este assunto! Fechando parêntese.

Diante da Crise e das manifestações no Brasil, veio ao autor deste pensamento uma clara situação nova: quem ia continuar comprando bens brasileiros se lá fora ia ser necessário travar uma guerra comercial para mais vendas? 

Como vender mais sem baixar preços? 

Quem ia deixar de comprar um Jaguar ou um carro de primeira linha, em venda promocional, para adquirir um carro brasileiro bem inferior em termos de confronto, mas não necessariamente mais barato?

A necessidade dos Estados Unidos encararem, publicamente, as conseqüências de anos de tolerância ao ter apoiado (ou silenciado) progressos econômicos fenomenais sem a mínima preocupação social e sem fiscalizar, repetimos, quem se achava acima das leis, protegidos por cumplicidades e silêncios estranhos. 

Estranhos porque falharam as instancias que são supostas zelar pela saúde econômica do mundo moderno surgido após o desmoronamento do Império Soviético.  

Quem pode afirmar que as atuais revoltas no mundo Árabe contra dirigentes, até bem pouco tempo, prestigiados por seus povos e por líderes e empresários do mundo todo, dos mais democráticos aos mais tiranos?

Será que a política econômica que passou a vigorar no mundo não tem origem pelas opções impostas pelo neo-liberalismo? 

Esse saiu vitorioso e como intocável com o fim do conflito que originou a Guerra Fria: a luta mortal entre capitalismo e comunismo terminava com um capitalismo voraz, sem mais nada e ninguém para frear uma ânsia de lucros sem limites.

Na área internacional

Não foi a política de menosprezar a mão de obra humana ao ponto de criar concorrências desleais entre assalariados portadores de conquistas sociais e milhões de outros, que viviam em países onde a submissão aos governos locais era regra. O Ocidente, querendo estabelecer negócios com o Oriente, não teve a coragem de lutar por mais decência nas áreas trabalhistas desses países. Ali, a mão de obra local, barata e bem numerosa, tailandesa, chinesa, vietnamita, sul-coreana (com ditadura então) ou da Birmânia, ganhou um apelido que entrou na história: Tigres Asiáticos!

Quantos protestos houve no mundo contra famosas marcas do mundo do esporte que exploravam mão de obra humana sem a mínima sensibilidade com as condições de trabalho? 

Quantas cresceram ao ponto de adquirir um poder suficiente para fazer transações milionárias na área do futebol e outros esportes que atraiam uma publicidade que também não manifestou solidariedade humana nem com os desempregos provocados no Oeste nem com os novos empregados criados nessas nações transformadas em novas cadeias produtivas, com a China sabendo fazer prevalecer sua potencia e toda a sua habilidade política que a tornaria um parceiro incontornável da nova economia mundial. 

E ali ninguém pode ditar aos chineses regras de comportamento.

Tentaram, tentam, conscientes que a China não é o Irak e não é com a força militar que é possível dialogar com ela. Pelo contrário. Isto exige uma grande diplomacia e uma paciência digna da sabedoria milenar oriental! 

Ao ponto que a China, diante das tempestades que surgiram na Tunísia e incendiaram a região, tratou de controlar o acesso às notícias e qualquer comunicação que pudesse desestabilizar seu domínio total da situação. 

Assim, a intervenção americana, internamente, foi uma medida necessária, inadiável, talvez insuficiente pois ficou sem punir, ainda, os verdadeiros cérebros que se achavam no direito de garantir lucros a qualquer custo, sem nunca medir conseqüências, nem para o meio financeiro nem sociais.  Talvez a sua prioridade era evitar um pavoroso pânico cujas conseqüências ninguém pode descrever.

Como para alimentar as fantasias do que teria acontecido se essa intervenção tivesse tido outro caráter e outras diretrizes, vai uma pergunta no ar: 

O que teria acontecido se os bancos, o sistema financeiro e grandes empresas americanas, e até de outros países, não tivessem tido este socorro extraordinário, de não sei quantos trilhões de dólares, como aconteceu? 

Os bancos teriam falidos? E seus banqueiros e donos de  fortunas colossais, como ficariam?

Como seria a questão da mão de obra humana nas relações de trabalho quando achavam justo renumerar de maneira desproporcional altos executivos e os empregos de base?

Todo caso, a reação americana ao admitir a gravidade da situação, agindo em conseqüências antes mesmo de qualquer mobilização européia, foi um elemento novo anunciador de novas épocas!

No próximo blog veremos mais sobre estas questões que misturam revoltas, derrubada de velhos sistemas que pareciam ter vida eterna e as indignações que passaram a surgir aqui e lá. Permitindo pensar que existe espaço suficiente para transformar indignações individuais num movimento sem precedentes de uma indignação coletiva globalizada. Como se interesses diversos, misturando medos e ansiedades similares, poderiam ditar a necessidade de buscar novas políticas num mundo que nunca foi preparado para o tamanho da Crise Atual que pegou carona na de 2008 na área econômica e se transformou num enorme imbróglio social!
Teo Attar

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