Organização Cultural de Defesa da Cidadania - Entidade Apartidária

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Silencio(s): Brasil, FMI, Diplomacia Internacional e Crise Económica


A Crise Econômica de 2008 realçou a estranha omissão de alguns organismos internacionais, o FMI notadamente, mais famoso que o Clube de Paris que tratam das finanças no Mundo ditando regras econômicas severas, dolorosas e impopulares, cegos, mudos, como que ignorando as conseqüências sociais.
Eles exigiam rigor extremado nas finanças de países como Brasil, Argentina e outros que enfrentavam graves crises internas. O Brasil serviu praticamente de escola com o FMI feroz nas exigências frente a uma Dívida Externa fabulosa. Durante o período conhecido como ditadura militar e posteriormente, com governos civis dirigindo o país, o FMI exigiu uma política de rigor e de contenção das despesas sociais. Não pouparam nem o Governo Collor quando fracassou um Plano Econômico visando controlar uma inflação galopante como foram implacáveis para conceder liberação de novos financiamentos, exigindo remessas milionárias em pagamento dos juros da dívida! Tiveram no Lula um arqui-inimigo nos tempos que esse pregava, publicamente, seu repúdio ao FMI e sua política de tirar do Brasil precioso dinheiro que fazia falta para reergue-lo sem as dramáticas fraturas sociais.  
Não ouviram então nem os governos nem clamores públicos  provenientes de situações críticas nas áreas estratégicas da habitação, da saúde, da educação e do crescimento expressivo da violência. Isto é na questão do bem-estar social.  
Apesar de certos governantes cantarem hoje avanços sociais expressivos, o país continua vivendo uma dupla realidade paralela: a dos extremamente ricos e a divisão de classes sociais em A, B, C, D e F.  Com a dificuldade de situar onde fica a classe B, e o que a diferencia da A onde  o  acumulo de fortunas cria AAA, e A! Pois afirmam que o Brasil da atualidade é um dos países onde mais proliferam novos milionários!
O tempo passou com muitos silêncios e muitas indignações diante da diplomacia internacional que parecia ignorar os problemas sociais e suas conseqüências. Mal imaginavam que isto levaria um dia às revoltas na Tunísia, Egito e outros países. Como levaria ao atual grande problema europeu: o que fazer ao ser invadida por milhares de desesperados fugindo de seus países tornados inseguros? Nos anos pós Guerra Mundial, havia empregos para todos. A capacidade interna do então Mercado Comum Europeu (hoje U.E) de suprir as necessidades do desenvolvimento econômico era insuficiente. Abriram as portas acolhendo mão-de-obra “barata”, inclusive na agricultura onde as colheitas eram feitas por enxames de trabalhadores vindo de todos os horizontes.
Assim, políticas passadas de omissão, de passividade ou até de colaboração em sustentar regimes antidemocráticos são diretamente responsáveis com a irrupção de novas crises, despertando os povos para novos tempos de democracia e liberdade.
 Estamos presenciando uma Europa que não sabe mais o que fazer diante de um fenômeno que exige resposta rápida: o que fazer agora?
A penúria dos empregos não é mais um problema europeu, norte-americano, de países democráticos ou de nações submetidas ao mando autoritário de algumas famílias.  Ela passou a ser um drama geral que exige da diplomacia mundial a revisão das políticas anteriores.
Como garantir tantos empregos indispensáveis ao set humano? Como lidar na área trabalhista com salários decentes e não com empregos desprovidos de um poder aquisitivo real, suficiente para assegurar dignidade e decência?
É a falta de poder aquisitivo que obriga o Estado a suprir aquilo que não pode ser pago normalmente por quem precisa de um serviço que representa uma questão de sobrevivência, de vida ou morte. Enquanto o Estado, e a sociedade civil, permitirem, sem reagir, que a qualidade de vida da população caia não obstante as riquezas nacionais, as conseqüências da indignação e das Crises abrem espaços para tempo de incertezas.
O problema é que, em países como o Brasil, a maioria absoluta da população precisa de serviços não prestados (ou mal) pelo Estado. Quem foge da Escola Pública e paga ensino privado (caro) faz isto por falta de opção. É natural querer o melhor pros filhos! Quem vive dramas da Saúde Pública e prefere não esperar por socorro gratuito vai pro sistema privado, pago, caro, nem sempre eficiente, recorrendo ao SUS finalmente. Esse acaba arcando com uma carga expressiva ao qual não foi preparado! São alguns exemplos de problemas conseqüentes de estranhos silêncios diante de opções políticas que se revelaram, ao longo do tempo, errôneas! 
Os problemas continuam agravados por novas crises. Internamente isto custa caro.
Lá fora, por enquanto, até 2013 dizem as notícias, passou a ser usada uma taxa de juros nunca sonhada num sistema brasileiro: 0%? Enquanto aqui discute-se, numa guerra silenciosa entre uns aos outros, se baixam meio ponto percentual os exorbitantes juros nacionais!
Por isto, faz toda a diferença ter democracia ou não. Quando a indignação popular repercute na estabilidade, na harmonia e na sustentação do sistema vigente, ela obriga os governos a agir de maneira rápida. Quanto à outra indignação, aquela acompanhada de indiferença, de tolerância aos escândalos oriundos de um mundo que vive nas sombras da atividade econômica e extrai dela bilhões de dólares que nunca mais são recuperados, ela é própria dos regimes que desconhecem as virtudes de uma verdadeira democracia onde o cidadão é um perigoso eleitor que precisa ser conquistado. O descontentamento do eleitorado provoca uma “alternância do poder” que acaba sendo saudável pois ela possibilita uma prestação de contas desconhecida nestes trópicos!  
No Brasil o comportamento dos partidos políticos virou anedótico e transformou a indignação, frente a cada escândalo que emerge, num condescendente e famoso ditado popular: “aqui tudo acaba em pizza!” Indigesta claro! Servindo paródias de pizza publicamente, no Congresso em particular, e por onde passam eleitos não necessariamente fichas-limpas!
Em suma, eis como a atitude do FMI em liberar empréstimos internacionais a países em desenvolvimento desprovidos de mecanismos de fiscalização e de acompanhamento do destino e uso dessas verbas, é, no mínimo, complacente com pessoas que usaram o abuso de autoridade para reinar e impor suas regras. O FMI e parceiros. agindo assim, aceitou financiar governos antidemocráticos, para não usar outro termo, que negam a transparência pública de seus gastos, toleram políticas que sustentam as desigualdades sociais, assegurando a impunidade e uma inacreditável tolerância por graves crimes que reinam ali em detrimento da decência e da dignidade humana.
Cedo ou tarde, questões que pareciam limitadas localmente acabam tomando proporções internacionais. São as vozes oriundas lá de fora que levam a pensar que o levante de hoje é contra práticas desses velhos tempos.
Aceitar patrocinar e sustentar sistemas antidemocráticos é favorecer fenômenos sociais tais esses que surgiram ao longo do Mediterrâneo nestes últimos meses.  Com os ventos carregando iras incontidas e soprando como quem quebrar um longo silencio que hospedava indignações coletivas. Essas vozes, ecoando no Brasil, parecem dizer: BASTA! ASSEZ! STOP!  Mudem a política!
Quando esses ecos vão quebrar o muro do silencio reinante aqui?
Teo
Até o próximo blog.....

Nenhum comentário:

Postar um comentário