A Crise Econômica de 2008 realçou a estranha omissão de alguns organismos internacionais, o FMI notadamente, mais famoso que o Clube de Paris que tratam das finanças no Mundo ditando regras econômicas severas, dolorosas e impopulares, cegos, mudos, como que ignorando as conseqüências sociais.
Eles exigiam rigor
extremado nas finanças de países como Brasil, Argentina e outros que enfrentavam
graves crises internas. O Brasil serviu praticamente de escola com o FMI feroz nas exigências frente a uma Dívida Externa fabulosa. Durante o período conhecido como ditadura militar e
posteriormente, com governos civis dirigindo o país, o FMI exigiu uma política
de rigor e de contenção das despesas sociais. Não pouparam nem o Governo Collor
quando fracassou um Plano Econômico visando controlar uma inflação galopante como
foram implacáveis para conceder liberação de novos financiamentos, exigindo
remessas milionárias em pagamento dos juros da dívida! Tiveram no Lula um arqui-inimigo
nos tempos que esse pregava, publicamente, seu repúdio ao FMI e sua política de
tirar do Brasil precioso dinheiro que fazia falta para reergue-lo sem as
dramáticas fraturas sociais.
Não ouviram então nem
os governos nem clamores públicos provenientes
de situações críticas nas áreas estratégicas da habitação, da saúde, da
educação e do crescimento expressivo da violência. Isto é na questão do bem-estar
social.
Apesar de certos governantes
cantarem hoje avanços sociais expressivos, o país continua vivendo uma dupla
realidade paralela: a dos extremamente ricos e a divisão de classes sociais em
A, B, C, D e F. Com a dificuldade de
situar onde fica a classe B, e o que a diferencia da A onde o acumulo de fortunas cria AAA, e A! Pois
afirmam que o Brasil da atualidade é um dos países onde mais proliferam novos
milionários!
O
tempo passou com muitos silêncios e muitas indignações diante da diplomacia
internacional que parecia ignorar os problemas sociais e suas conseqüências.
Mal imaginavam que isto levaria um dia às revoltas na Tunísia, Egito e outros
países. Como levaria ao atual grande problema europeu: o que fazer ao ser
invadida por milhares de desesperados fugindo de seus países tornados inseguros?
Nos anos pós Guerra Mundial, havia empregos para todos. A capacidade interna do
então Mercado Comum Europeu (hoje U.E) de suprir as necessidades do
desenvolvimento econômico era insuficiente. Abriram as portas acolhendo mão-de-obra
“barata”, inclusive na agricultura onde as colheitas eram feitas por enxames de
trabalhadores vindo de todos os horizontes.
Assim, políticas passadas
de omissão, de passividade ou até de colaboração em sustentar regimes
antidemocráticos são diretamente responsáveis com a irrupção de novas crises,
despertando os povos para novos tempos de democracia e liberdade.
Estamos presenciando uma Europa que não sabe
mais o que fazer diante de um fenômeno que exige resposta rápida: o que fazer
agora?
A penúria dos empregos
não é mais um problema europeu, norte-americano, de países democráticos ou de
nações submetidas ao mando autoritário de algumas famílias. Ela passou a ser um drama geral que exige da
diplomacia mundial a revisão das políticas anteriores.
Como garantir tantos
empregos indispensáveis ao set humano? Como lidar na área trabalhista com
salários decentes e não com empregos desprovidos de um poder aquisitivo real, suficiente
para assegurar dignidade e decência?
É a falta de poder
aquisitivo que obriga o Estado a suprir aquilo que não pode ser pago
normalmente por quem precisa de um serviço que representa uma questão de sobrevivência,
de vida ou morte. Enquanto o Estado, e a sociedade civil, permitirem, sem
reagir, que a qualidade de vida da população caia não obstante as riquezas
nacionais, as conseqüências da indignação e das Crises abrem espaços para tempo
de incertezas.
O problema é que, em
países como o Brasil, a maioria absoluta da população precisa de serviços não
prestados (ou mal) pelo Estado. Quem foge da Escola Pública e paga ensino privado
(caro) faz isto por falta de opção. É natural querer o melhor pros filhos! Quem
vive dramas da Saúde Pública e prefere não esperar por socorro gratuito vai pro
sistema privado, pago, caro, nem sempre eficiente, recorrendo ao SUS finalmente.
Esse acaba arcando com uma carga expressiva ao qual não foi preparado! São
alguns exemplos de problemas conseqüentes de estranhos silêncios diante de
opções políticas que se revelaram, ao longo do tempo, errôneas!
Os problemas continuam
agravados por novas crises. Internamente isto custa caro.
Lá
fora, por enquanto, até 2013 dizem as notícias, passou a ser usada uma taxa de
juros nunca sonhada num sistema brasileiro: 0%?
Enquanto aqui
discute-se, numa guerra silenciosa entre uns aos outros, se baixam meio ponto
percentual os exorbitantes juros nacionais!
Por
isto, faz toda a diferença ter democracia ou não.
Quando a indignação popular repercute na estabilidade, na harmonia e na
sustentação do sistema vigente, ela obriga os governos a agir de maneira
rápida. Quanto à outra indignação, aquela acompanhada de indiferença, de tolerância
aos escândalos oriundos de um mundo que vive nas sombras da atividade econômica
e extrai dela bilhões de dólares que nunca mais são recuperados, ela é própria
dos regimes que desconhecem as virtudes de uma verdadeira democracia onde o
cidadão é um perigoso eleitor que precisa ser conquistado. O descontentamento do
eleitorado provoca uma “alternância do poder” que acaba sendo saudável pois ela
possibilita uma prestação de contas desconhecida nestes trópicos!
No Brasil o comportamento
dos partidos políticos virou anedótico e transformou a indignação, frente a
cada escândalo que emerge, num condescendente e famoso ditado popular: “aqui tudo acaba em pizza!” Indigesta claro!
Servindo paródias de pizza publicamente,
no Congresso em particular, e por onde passam eleitos não necessariamente
fichas-limpas!
Em suma, eis como a
atitude do FMI em liberar empréstimos
internacionais a países em desenvolvimento desprovidos de mecanismos de
fiscalização e de acompanhamento do destino e uso dessas verbas, é, no mínimo,
complacente com pessoas que usaram o abuso de autoridade para reinar e impor
suas regras. O FMI e parceiros. agindo assim, aceitou
financiar governos antidemocráticos, para não usar outro termo, que negam a transparência
pública de seus gastos, toleram políticas que sustentam as desigualdades
sociais, assegurando a impunidade e uma inacreditável tolerância por graves
crimes que reinam ali em detrimento da decência e da dignidade humana.
Cedo ou tarde, questões
que pareciam limitadas localmente acabam tomando proporções internacionais. São
as vozes oriundas lá de fora que levam a pensar que o levante de hoje é contra
práticas desses velhos tempos.
Aceitar patrocinar e
sustentar sistemas antidemocráticos é favorecer fenômenos sociais tais esses
que surgiram ao longo do Mediterrâneo nestes últimos meses. Com os ventos carregando iras incontidas e
soprando como quem quebrar um longo silencio que hospedava indignações
coletivas. Essas vozes, ecoando no Brasil, parecem dizer: BASTA! ASSEZ! STOP! Mudem a
política!
Quando
esses ecos vão quebrar o muro do silencio reinante aqui?
Teo
Até
o próximo blog.....
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